O diagnóstico de cancro da mama é um dos mais receados pelas mulheres, por ser uma doença estigmatizante, potencialmente mortal e, habitualmente, com consequências ao nível do seu funcionamento biológico, psicológico e social.

Sendo a mama um símbolo da sexualidade e feminilidade, a perda deste órgão pode comprometer directamente a auto-estima e auto-imagem da mulher, reactivando sentimentos de desvalorização e inferioridade que podem comprometer os relacionamentos sociais e particularmente, a relação conjugal e a sexualidade.

A mama, para além de estar ligada à estética feminina, exerce uma função fisiológica de amamentação, sendo um símbolo de maternidade. Perder esta parte do corpo, representa, simbolicamente uma diminuição destas capacidades maternas e um comprometimento na imagem sexuada, uma vez que a mama é também das partes do corpo mais associadas ao prazer na relação sexual.

Apesar de toda a evolução da medicina, o momento do diagnóstico é ainda sentido como uma sentença de morte, dando lugar a angústia e sofrimento, bem como a sentimentos de incerteza e ansiedade quanto ao futuro e a pensamentos recorrentes sobre a morte, o que também é vivido por parte da família que acompanha este processo.

Os impactos emocionais mais comuns após o diagnóstico são a perda do controle sobre a vida, mudanças na auto-imagem, medo da dependência, do abandono, do isolamento e da morte, sendo as comorbidades mais frequentes a ansiedade e depressão.

Vários estudos referem que a forma da mulher se posicionar e lidar com a doença, do ponto de vista emocional, é de extrema importância para o sucesso do tratamento. As perturbações emocionais prejudicam o bom funcionamento do sistema imunológico causando alterações bioquímicas, pelo que as pessoas mais combativas e que adoptam uma atitude positiva, têm maior esperança de vida do que as que reagem com uma perceção de baixa auto-eficácia e sentimentos de desesperança. O peso emocional de uma doença varia de pessoa para pessoa e é influenciado por vários fatores tais como as vivências passadas, a personalidade, o grupo de familiares, amigos e desconhecidos.

O acompanhamento psicológico nestes casos é de extrema importância para a adaptação emocional e funcional inerente a todo este processo, promovendo ainda a participação mais ativa e positiva da mulher durante o tratamento e a sua qualidade de vida.

Mas para além dos profissionais que podem ajudar, é muito importante o suporte social e familiar. A perceção por parte da mulher da disponibilidade daqueles que lhe são chegados e o sentir que não está sozinha nesta luta, é sem dúvida determinante para a promoção do seu bem-estar emocional.