Na quadra Natalícia que ocorreu recentemente, é na família que encontramos a intimidade, a interação e a partilha de experiências e emoções. Para muitas famílias nesta época, a tradição e costume é reunirem-se na consoada e aproveitar o aconchego e refúgio do lar, como a troca de prendas, e o almoço no dia de Natal. Digamos que a família é um lugar privado, símbolo de intimidade, lugar de felicidade, mas também por vezes de alguns desequilíbrios e tensão.

Devemos pensar que estar em família é aproveitar todas as alturas do ano e não só esta quadra natalícia, porque a família é isso mesmo: lugar de refúgio e amor, convicção em se saber que está alguém à nossa espera em casa, com quem partilharmos as nossas experiências e vivências do dia-a-dia.

É perguntar aos nossos filhos como correu o dia, conversar durante o jantar e ajudarmo-nos nas tarefas de casa, porque a família deve ser símbolo de comunicação, de partilha e amor. A família é o desenvolvimento da personalidade de cada ser humano, é vista como o primeiro espaço psicossocial, modelo das relações a serem estabelecidas com o mundo.

A família é a matriz da identidade pessoal e social, desenvolvendo-se o sentimento de independência e autonomia, baseado na diferenciação que permite a consciência de si mesmo como alguém diferente. É essencial, a família permitir que cada um construa um mundo seu com viabilidade ecológica no interior dos outros e na realidade, e que se estruture em relações organizadoras.

O desenvolvimento físico, psíquico e social, de cada ser humano depende do relacionamento com a família, todo o crescimento e desenvolvimento de cada individuo é influenciado pela vivência parental. A família, se for “saudável”, é uma fonte de ajuda ativa e um grupo familiar bem organizado e estável, sendo o sistema de autoridade claro e aceitável, e a comunicação aberta baseada em controlo e apoio, que são indispensáveis ao desenvolvimento do individuo.

Quando a família não está “saudável”, os padrões de autoridade modificam-se, sendo a comunicação e a distribuição de papéis funcionais deteriorados, o que dificulta o controlo dos sentimentos negativos, levando ao aumento da angústia, da hostilidade e da violência. Por vezes, a falta de respeito dos diversos elementos do grupo familiar, como a intolerância, a agressividade o desinteresse ou a superproteção, marcam a personalidade do individuo.

De acordo com Romildo e José (2017), a família é considerada o pilar da formação da sociedade e da cultura, do desenvolvimento individual, e do conceito de maturidade emocional, é através da família que o indivíduo atinge a sua maturidade emocional. A mãe e a família têm um papel fulcral nos modelos de transição da entrada de um indivíduo num círculo social. Os pais têm maturidade suficiente para estabelecer a manutenção da unidade familiar, para que cada criança possa crescer e adolescer, conquistando uma vida autónoma, vindo a constituir outro núcleo familiar.

Podemos afirmar que o que caracteriza a família são as relações de afeto e compromisso e a duração da sua permanência. Para haver um ambiente familiar consistente, seria necessário promover relações entre mãe-criança, pai-criança e relações significativas entre todos. Desta forma, o individuo teria na família um consistente suporte e investimento afetivo, tornando-se um lugar seguro, na promoção de afetos e bem-estar entre os seus membros.

Para concluir, seria importante haver no sistema familiar, sentimentos de apoio e cooperação, para um bom relacionamento entre todos. Hoje em dia, tem-se vindo a verificar que a família perdeu o “monopólio” da transmissão de valores, da informação de atitudes, na educação, na segurança, na aprendizagem e na comunicação. É na família que a aprendizagem de estabelecer vínculos e a capacidade de aprender a relacionar-se é estruturada.

 

Referências Bibliográficas

Romildo, P., & José, S. (2017). A família e a formação de valores. Revista Batista Pioneira, vol. 6 n. 2