Quando surgem os valores religiosos na consulta psicológica, estes raramente são abordados, salvo quando as crenças do paciente afectam de forma relevante o seu comportamento e as suas emoções. Nas situações em que sejam abordados, o terapeuta deve manter uma postura neutra, não deve dar a conhecer as suas crenças e não deve julgar ou avaliar os do seu paciente. Deve, no entanto, analisar a possível incidência dos valores e crenças do paciente sobre os problemas que está a tratar.

No presente trabalho apresentam-se dados de duas pacientes que partilham altos níveis de ansiedade e um forte sentimento religioso a nível familiar, apesar dos comportamentos de ambas as pacientes a respeito das normas sociais e religiosas serem opostos.

No primeiro caso, o sentimento religioso da paciente guia por completo a sua vida e pensamento, desencadeando uma reacção com altos níveis de ansiedade. Pelo contrário, no segundo caso a adolescente rejeita o clima religioso rigoroso da família e comporta-se de forma rebelde, embora também procure a consulta com sintomatologia ansiosa.

Em ambos os casos são apresentados os dados da avaliação sobre os níveis de ansiedade, os quais geram um intenso mal-estar psicológico, assim como dados sobre a intervenção psicológica que foi levada a cabo.