A “folie á deux” é um termo surgido no Séc. XIX em França. Na DSM IV é designada por “perturbação psicótica partilhada”, enquanto que a CID 10 a apresenta como “perturbação de ideias delirantes induzidas”. A “folie á deux” apresenta três variantes: “Imposta” (a mais frequente), “Simultânea” e “Comunicada”.

Trata-se de perturbação rara, não se conhecendo a sua distribuição exacta, dado que os afectados não procuram ajuda porque não têm consciência da sua perturbação psíquica. Esta perturbação implica normalmente duas pessoas que geralmente pertencem à mesma família, convivendo durante muito tempo juntas e isoladas do mundo externo. Supostamente um dos membros do par - que possuirá a perturbação primária - será quem incutirá o delírio ao outro, mais dependente, submisso ou sugestionável.

Neste artigo é apresentado o caso de uma mãe e respectiva filha com uma relação simbiótica e distante de contactos sociais, as quais partilham a convicção de estar a conviver com o espírito da avó materna, uma presença que percebem de forma inquestionável e que vivenciam como ameaçadora e persecutória.

A filha foi a primeira a ser avaliada, a qual nos foi enviada pelo Serviço de Urgências para despistar um possível quadro psicogénico em relação a alguns desmaios. Posteriormente falamos com a mãe e logo nos perguntámos: Quem é a doente?