«Chegas perto de mim e eu peço-te, enternecido(a), “chega-te mais!”» Tiago Sá Balão

Excerto do seu livro: ‘Sentimento de Pertença – Um caminho a percorrer por mim e por ti’.

É bom saber o que pode adicionar às relações amorosas e o que está a fazer mal ou até o que pode melhorar, mas não se esqueça das boas ações que reinam na sua relação. Se é verdade que há práticas que estão em desuso ou desatualizadas no interior da sua relação de amor e que há algumas que causam mais mal do que bem para si e para o seu companheiro ou sua companheira, também é verdade que algumas estão bem vivas e de boa saúde ou, se não estão, rapidamente podem tornar-se positivamente rotineiras (após acordá-las do estado adormecido). Por esta razão, deve investir o seu tempo no que há de melhor dentro da sua relação amorosa, ou seja, usar o melhor de si, em sintonia com o melhor do outro, para obter o melhor de uma relação deste tipo. Eu, na minha prática profissional, invisto o meu tempo a desafiar as pessoas e os casais a pensarem sobre este lado (não deixando de trabalhar sobre a resolução de problemas específicos do casal). A partir dessa experiência, partilho consigo alguns pormenores que podem fazer a diferença no mundo das (suas) relações amorosas. Qualquer semelhança com a sua realidade, perante a apresentação de alguns pontos positivos das relações, é apenas uma boa coincidência e um bom sinal para o presente e futuro do seu relacionamento amoroso.  

Antes de avançar com o prometido, acrescento que em terapia de casal quando questiono a díade conjugal quanto às particularidades ou dimensões positivas da sua relação (isto é, tudo aquilo que os faz sorrir, como digo com grande frequência, por dentro e por fora; tudo aquilo que transporta felicidade para a relação, fazendo com que se sintam bem dentro da mesma), deteto, muitas vezes, durante o impacto inicial, uma expressão facial correspondente à emoção ‘surpresa’ e um silêncio que parece querer dizer o seguinte: «Já não me lembrava dessa parte!». O foco excessivo (e tantas vezes exclusivo) na identificação dos problemas e nas acusações de parte a parte (por um lado, em forma de círculo vicioso; por outro lado, num registo de escalada perigosa), leva à perda do hábito de percecionaram o «bom» da relação, por vezes mascarada de uma verbalização que não foge muito, de casal para casal, à seguinte verbalização: «Sabe, Dr., é o copo que está cheio…». Pelo facto de, na maior parte dos casos, chegarem à consulta para lá do limite do razoável, no que se refere ao estado da relação, é verdade o que afirmam (nota: os casais devem procurar mais cedo a ajuda especializada, pelo bem da relação e das individualidades). Todavia, essa constatação não anula o esforço que se pode fazer para mudar (para melhor, claro). Posto isto, caro(a) leitor(a), para o bem da sua relação, não se esqueça de se lembrar de tudo aquilo que faz ou pode fazer o casal estar de bem com a vida (a dois) e também não ignore os sinais de mal-estar (se começar a sentir dificuldades, o mais cedo possível, procure(m) ajuda). Se acredita muito que não existe um lado positivo no seio do relacionamento amoroso, pela imensa poeira que paira no ar, pense melhor ou pense a dois (com tempo, com calma e com amor). Lembre-se que, à semelhança de uma mensagem usual do meu gabinete, «a vida pode ser vista de várias perspetivas». Explore-as e use-as (não fique estacionado(a) nas rotinas destruidoras). Comece agora! Reforçando: se não conseguem sozinhos, tentem avançar, o mais cedo que puderem, para a terapia de casal ou para um apoio individualizado que o(a)/vos ajude a chegar onde quer(em).

Perante o que foi dito anteriormente, sinto a responsabilidade (e também a vontade) de ajudá-lo(a), de alguma forma, partilhando consigo algumas boas particularidades encontradas nos casais (indo também ao encontro do prometido). Lembre-se: embora eles – os casais – nem sempre as usem, elas estão lá. Na sua relação estão presentes ou escondidas? Confira:

 

- O TOQUE (sedutor)

Nas mãos, nas pernas, na face, nos cabelos… Um toque que rejuvenesce e engrandece a relação. Quem usa esta dimensão mágica, com amor e respeito, ganha anos de vida e de relação.

 

- OLHAR E OBSERVAR O OUTRO (olhos nos olhos, sem outras interferências)

Apreciar, admirar, desejar… Um olhar atento que perfura a pele e leva a chama ao coração, pondo-o a bater ao ritmo do amor recíproco. Quem usa esta dimensão especial, com amor e respeito, ganha anos de vida e de relação.

 

- CHEIRAR O PERFUME QUE O(A) CARATERIZA (parando no tempo)

Chegar perto, bem perto, parar, sorrir e cheirar profundamente. Inalar a essência que energiza a paixão, única e irrepetível. Quem usa esta dimensão maravilhosa, com amor e respeito, ganha anos de vida e de relação.

 

- BEIJAR E SABOREAR O AMOR DO OUTRO (em forma de desejo e não de rotina)

Um beijo arrojado, romântico, demorado, subtilmente encantador ou encantadoramente subtil. Uma aproximação invasiva e aconchegante, arrebatadora e pacificadora, estonteante e impactante. Quem usa esta dimensão avassaladora, com amor e respeito, ganha anos de vida e de relação.

 

- ESCUTAR AS PALAVRAS E OS SILÊNCIOS (aprimorando a cumplicidade)

Sussurrar, encantar e cantar, sintonizar a eloquência e escutar a voz do silêncio. Uma comunicação inebriante, recíproca e contagiante. Quem usa esta dimensão impactante, com amor e respeito, ganha anos de vida e de relação.

 

Agora já pode responder à questão que coloquei em cima: «Na sua relação estão presentes ou escondidas?».

Se a sua resposta assenta na primeira parte (isto é, são práticas presentes no seu quotidiano), espero que estes cinco exemplos, que vivem dentro das relações amorosas, possam dar-lhe motivação para continuar a bem investir no projeto a dois. Se a sua resposta estaciona na segunda parte (isto é, são práticas que estão escondidas), espero que estes cinco exemplos, que vivem dentro das relações amorosas, consigam ter a força suficiente para reorientá-lo(a) na sua relação.

São cinco práticas que aquecem os corações, espevitam a mente criativa e fantasiosa e unem as almas apaixonadas. Se usar o seu melhor, em consonância com o outro significativo, o melhor da relação chegará e, se quiser(em), perdurará.