INTRODUÇÃO

"Os homens compartilham um único mundo, a não ser durante o sono, onde cada um habita o seu próprio.". (Heráclito)

Durante muito tempo a comunidade científica esteve, por ironia do destino, "adormecida" para a complexidade e dinâmica que envolvem o processo do sono. "Até o século XVIII admitia-se que o corpo material experimentava a morte periódica no sono"1, que até então era tido apenas como algo decorrente da ausência passiva do estado de vigília. No entanto, "encontraram-se provas recentes que confirmam a existência de estruturas cerebrais localizadas que induzem ativamente o sono".2

Desde o momento em que a comunidade científica despertou então para as questões pertinentes ao sono, várias pesquisas têm sido desenvolvidas. No entanto, essas pesquisas ainda são de cunho estruturalista, localizacionista. Nosso trabalho, através das orientações recebidas pelo Prof. Fernando Pimentel, da disciplina de Psicofisiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, além de descrever o processo do sono, vai questionar a aplicabilidade destes conhecimentos já adquiridos pelos cientistas dentro do contexto sócio-econômico-cultural em que hoje nos encontramos, fazendo nossas as palavras de nosso orientador: a função da atividade humana não pode ser interpretada pelo cérebro de maneira tão reducionista como é feita pelo materialismo radical.3