Estudos sobre as actividades extracurriculares mostram que os alunos que participam nestas actividades apresentam um melhor desempenho académico (Barber, Eccles, Stone & Hunt, 2003, Eccles & Barber, 1999, Holland & Andre, 1987), a níveis mais elevados de auto-estima e em determinadas dimensões do auto-conceito (Holland & Andre, 1987, House, 2000, Marsh, 1992) e menor consumo de substâncias (Barber, Eccles, Stone & Hunt, 2003, Eccles & Barber, 1999).

Este estudo tem como objectivo verificar a relação entre as actividades extracurriculares e o desempenho académico, auto-conceito, auto-estima e motivação, em alunos do 7º e do 10º ano de escolaridade.

No que diz respeito à amostra seleccionada para este estudo, esta é constituída por 260 alunos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos. Esta divide-se principalmente em dois grupos, os alunos que participam em actividades extracurriculares e os alunos que não participam em actividades extracurriculares.

Com a finalidade de obter os dados utilizaram-se duas escalas: Escala de Orientação Motivacional de Skaalvik (1997) e a escala de auto-conceito e auto-estima (Peixoto & Almeida, 1999).

As hipóteses foram verificadas estatisticamente através da aplicação de ANOVAs e MANOVAs, podendo concluir-se que a participação em actividades extracurriculares trazem benefícios aos alunos relativamente ao seu desempenho académico, em algumas dimensões do auto-conceito, nomeadamente nas ordens superiores auto-conceito académico e auto-conceito de apresentação, onde nesta sobressaíram as suas dimensões principais, a competência atlética e a atracção romântica. Relativamente à relação entre a participação em actividades extracurriculares, a motivação e a auto-estima, não se constatou qualquer diferença, não se verificando deste modo as nossas hipóteses.

Nos efeitos de interacção entre a participação em actividades extracurriculares e o ano de escolaridade, constatámos que no desempenho académico, na motivação e na auto-estima não se verificam efeitos de interacção entre as actividades extracurriculares e o ano de escolaridade, no entanto relativamente ao auto-conceito, registou-se um efeito de interacção na dimensão competência a língua materna.

Por último, considerámos apenas o grupo de alunos que participam em actividades extracurriculares, dividindo-os em dois grupos, os que têm actividades dentro da escola e os que têm actividades fora da escola, relacionando-os com o desempenho académico, a motivação, o auto-conceito e a auto-estima, de onde concluímos que no desempenho académico e na auto-estima, não existem diferenças entre os grupos, não se confirmando as nossas hipóteses. Relativamente à motivação verifica-se diferenças apenas na dimensão da auto-defesa, significando que os alunos que participam em actividades extracurriculares dentro da escola são mais auto-defensivos do que os que praticam actividades fora da escola. No que refere ao auto-conceito verificaram-se diferenças apenas na dimensão de competência atlética, significando que os alunos que têm actividades dentro da escola apresentam uma percepção mais elevada de competência atlética do que os alunos que têm actividades fora da escola.

Palavras-chave:

Actividades extracurriculares, motivação, auto-conceito, desempenho académico e auto-estima.