Este trabalho teve como principal objectivo a averiguação da existência de diferenças significativas nas atitudes e acções do psicoterapeuta, durante a sessão terapêutica, entre a psicoterapia Cognitivo-Comportamental e a psicoterapia Psicodinâmica. A amostra deste estudo, recolhida segundo o modelo não-aleatório, constou de um método de amostragem por conveniência. Esta amostra foi constituída por psicoterapeutas que para além de leccionarem em estabelecimentos do Ensino Superior, também exercem psicoterapia de acordo com a sua abordagem teórica (cognitivo-comportamental ou psicodinâmica). A dimensão desta amostra foi de 10 sujeitos, 5 psicoterapeutas cognitivo-comportamentais e 5 psicoterapeutas psicodinâmicos. Com o intuito de descobrir quais as diferenças significativas destas duas abordagens, no que concerne à variável terapeuta, esta investigação consistiu na aplicação de uma metodologia Q-Sort. Este instrumento, o Psychotherapy Process Q-Sort (PQS) de Enrico Jones (1985), permitiu que todo o processo terapêutico fosse caracterizado, pela amostra já referida. O PQS é um instrumento que permite caracterizar as três dimensões inerentes ao processo terapêutico: i) atitudes do paciente, comportamento e experiência; ii) interacção da díade; e ainda, iii) atitudes e acções do psicoterapeuta. Sendo esta última dimensão o objecto de estudo neste trabalho. Numa primeira fase, foi pedido aos sujeitos, individualmente, que colocassem os 100 cartões constituintes do PQS, em três pilhas, do mais característico para o menos característico, caracterizando assim a sua prática clínica. A segunda fase, consistiu na colocação dos 100 cartões em sub-posições pelos mesmos sujeitos. Ou seja, os cartões que inicialmente tinham sido posicionados, foram recolocados numa escala de 1 a 9, fazendo uma nova triagem das pilhas anteriores. Em que 1 correspondeu a uma posição de Extremamente Atípico, e 9 Extremamente Típico. Assim sendo, tratou-se de um estudo exploratório de cariz descritivo. Num primeiro momento permitiu uma análise estatística, através do teste de Wilcoxon-Mann-Whitney, para confirmar as diferenças significativas existentes entre as duas abordagens. Num segundo momento foi feita uma análise descritiva de comparação entre os resultados desta amostra e o estudo de Jones e Pulos (1993). Verificou-se existirem diferenças significativas entre estas duas abordagens, em 11 cartões, dos 37 constituintes da dimensão do terapeuta. Estes 11 cartões continham afirmações características quer da abordagem cognitivo-comportamental, quer da abordagem psicodinâmica e apresentaram valores de p ≤ 0,05, sendo por isso consideradas diferenças significativas. Numa segunda análise descritiva de comparação entre estes resultados e os do estudo de Jones e Pulos (1993), constatou-se que existem diferenças consoante as abordagens em questão. Em relação à abordagem Psicodinâmica, verificou-se existirem menos cartões com diferenças significativas neste estudo (5 cartões com nível de significância de p ≤ 0,05), do que no estudo de Jones e Pulos (1993) (15 cartões com níveis de significância de p <0,01 e p <0,001). O mesmo aconteceu em relação à abordagem Cognitivo-Comportamental, em que se verificou haver um maior número de cartões com diferenças significativas no estudo de Jones e Pulos (1993) (17 cartões com níveis de significância de p <0,01 e p <0,001) do que neste estudo (6 cartões com nível de significância de p ≤ 0,05). Estes resultados parecem coincidir com o esperado, na medida em que ocorreram um maior número de semelhanças do que diferenças no que diz respeito à nossa amostra, e às atitudes e acções do psicoterapeuta. Em relação à identificação dos resultados destes sujeitos com os protótipos construídos a partir do estudo de Jones e Pulos, pode dizer-se que, também foram corroboradas as expectativas iniciais. Isto é, não ocorreram identificações totais aos protótipos destes autores, correspondentes a cada uma das abordagens. Em suma, isto poderá significar, que as técnicas usadas, poderão estar dependentes do quadro teórico seguido por cada clínico, como também poderão ter a ver com as diferenças pessoais de cada psicoterapeuta.