O presente trabalho debruça-se sobre o problema da toxicodependência nomeadamente no seu diferente impacto no género feminino e masculino. São muitos os estudos que apontam para uma maior incidência deste fenómeno contemporâneo no género masculino, sendo a diferença de quatro homens para uma mulher toxicodependentes. Numa revisão bibliográfica sobre a Identidade Feminina e a Toxicodependência cremos ter encontrado aquilo que se pode chamar de Factores Protectores da Toxicodependência na Mulher. São inúmeras as razões que levam um indivíduo, quer seja ele do sexo feminino ou masculino, a seguir um percurso toxicodependente – razões pessoais ou individuais, biológicas, familiares, culturais. Contudo, na mulher, a juntar a isso, existem razões que se prendem com a visão social do seu papel e com a construção da sua identidade. Enquanto revisão bibliográfica, este estudo não permite afirmar mas colocar a hipótese de que a mulher teria menos tendência para recorrer a drogas porque desde o seu nascimento possui um tipo de relação que lhe permite criar uma identificação e identidade sem recurso a um terceiro objecto – o que não ocorre no homem, cuja identificação e identidade são construídas a partir de um terceiro elemento introduzido, ou não, nessa relação primária. O ´deserto identificatório´, criado por uma não relação com o pai, levaria o rapaz a procurar uma coesão interna numa substância externa que funcionaria como uma goma fixadora. Uma segunda hipótese para a procura de uma substância exterior estruturante seria a sugestão de uma relação incestuosa por parte do progenitor do sexo oposto, sugestão esta que teria o mesmo efeito para ambos os sexos – daria assim na procura de uma substância apaziguadora da tempestade afectiva provocada.