Dentre as perdas importantes, a morte de um ser amado configura considerável impacto, à medida que institui uma suspensão relacional e a impossibilidade de ser e estar com o outro e de experimentar as trocas desse encontro. O luto, entendido como a expressão deste vínculo, é uma resposta normativa e esperada no paradigma social frente ao estresse gerado pela separação irreversível causada pela morte. Dada a complexidade envolta ao processo de luto vivenciado por cada indivíduo, surge a necessidade de intervenções psicológicas capazes de assegurar que aqueles que padecem pelas perdas possam emergir do sofrimento não ilesos, mas num grau menor de danificação. Por tal razão, o presente trabalho tem como objetivo explorar as possíveis contribuições do aconselhamento psicológico, aos enlutados, quando desenvolvido durante o ritual fúnebre – ainda nos primeiros momentos do contato dos familiares enlutados com a realidade da morte, bem como suas implicações. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, cuja modalidade de exploração tratou do levantamento de referenciais encontrados nas bases de dados Scielo, Lilacs, EBSCO, Web of Knowledge, Bireme. Ademais, foram utilizados livros, artigos, revistas, e-books, teses, dissertações e periódicos científicos dos seguintes autores: Bowlby (1977, 2002, 2004), Parkes (1980, 1998, 2009), Worden (1998, 2013), entre outros, encontrados na Biblioteca Central da Universidade de Caxias do Sul, Biblioteca Virtual Nacional, Quatro Estações Instituto de Psicologia e aquisições próprias da pesquisadora. O período de busca para a elaboração da pesquisa absteve-se entre 1998 e 2013, sob a estruturação de Síntese Integradora, como método de pesquisa, para fins de inteiração dos quatro tópicos de estudo, citados a seguir: Formação e rompimento de vínculos afetivos: Compreendendo o processo de luto por meio da teoria do apego de John Bowlby; A ritualização da morte: Representações concretas e simbólicas envoltas ao cerimonial fúnebre; Aconselhamento psicológico em situações de luto; Síntese integradora: Aconselhamento psicológico desenvolvido a familiares enlutados durante o ritual fúnebre. Considerações preliminares: Observou-se, primeiramente, a necessidade de horizontalizar os estudos quanto à educação para a morte e o dilema circundante ao luto e às perdas na contemporaneidade de modo geral. No que tange aos contextos específicos, como no caso dos rituais fúnebres, constatou-se que não há um consenso entre os autores pesquisados quanto à atuação do psicólogo. Por tal razão, buscou-se justamente ampliar as perspectivas do exercício profissional, levando em conta o bem-estar físico e psíquico dos que padecem pelas perdas, demonstrando que o aconselhamento psicológico pode servir como uma ferramenta complementar para a facilitação do processo de enlutamento. Ademais, sugere-se que as buscas quanto à prática do psicólogo no âmbito fúnebre também possam ser pensadas frente a situações especificas de perda por morte.