O trabalho que aqui se apresenta pretende dar conta da forma como o sistema educativo e, em especial, os professores se desresponsabilizam pelo fracasso escolar dos seus alunos e pretendem legitimar o processo recorrendo à psicologia.

A afirmação, antes referida, é suportada por uma investigação empírica na qual se estudam os processos escolares e de insucesso escolar dos alunos do 1º ciclo do ensino básico (primeiros 4 anos de escolaridade) quanto: 1. às taxas de retenção ("reprovação") destes alunos; 2. à (co)relação entre o processo de não aprendizagem e a origem social e cultural dos alunos; 3. às práticas de gestão do pessoal docente; 4. à imputação do fracasso aos alunos e sua família e consequente desresponsabilização dos professores; 5. à pertença resolução/legitimação do fracasso através da psicologia. Do ponto de vista teórico é o regressar às teorias meritocráticas e dos "handicaps" familiares colocando-se de parte as teorias da reprodução social e cultural e, sobretudo, dos processos escolares.

Neste trabalho depois de se equacionar, de forma bastante rápida, alguns pressupostos teóricos sobre o insucesso escolar e das políticas desenvolvidas em Portugal apresentam-se resultados quantitativos com os quais pretendemos confirmar a afirmação inicialmente colocada.