Na última década fizeram-se avanços de considerável dimensão no âmbito das neurociências e da psicologia experimental.

Algumas das descobertas confirmam as hipóteses que se tinham construído sobre o conhecimento empírico da apreciação clínica, enquanto que outras as questionam de forma radical.

Contudo, a verdade é que, tanto num caso como no outro, para além de terem influência sobre a abordagem terapêutica, estes avanços também a têm na área de psiquiatria e psicologia forense. Estas implicações também atingem os legisladores os quais, a partir das reformulações de algumas abordagens, deverão realizar reformas legislativas importantes.

A conformação da memória de uma criança não vai dar lugar à chamada “amnésia infantil”, produto da ausência de memória episódica capaz de gerar recordações. Estas circunstâncias são a base para que, numa entrevista mal efectuada (na qual, por negligência ou falta de perícia, se utilizem determinados tipos de perguntas), sejam geradas falsas recordações ou falsas memórias.

As situações de abuso sexual - as quais implicam uma situação de vitimização do menor e, frequentemente, a necessidade de prova por parte de profissionais - poderão originar o conhecido fenómeno de “revitimização por parte do estado”.