Durante o século passado, observou-se um aumento substancial no tamanho do cérebro humano, especialmente em áreas de associação do neocórtex muito usadas para lidar com uma sociedade complexa e conduzida pela linguagem.

Neste trabalho propõe-se que esta expansão neocortical tornou possível o grande e gradual aumento do QI que se verificou no mundo desenvolvido e tem sido responsável pela explosão dramática da prevalência e severidade de miopia que é frequentemente encontrada após a urbanização das sociedades.

O ímpeto para estas mudanças começa durante o desenvolvimento pré-natal. Resultados de estudos com mamíferos criados em cativeiro sugerem que existe um mecanismo para a herança adaptativa epigenética, capaz de modificar o “timing” e/ou a extensão da expressão do gene em termos pré-natais, sem alterar as sequências de DNA que incluem a codificação proteica e outros genes estruturais.

Neste sentido, propõem-se mecanismos que parecem ser capazes de transportar tais mudanças adaptativas ao longo da denominada “germ-line barrier” sem violar os preceitos básicos da teoria de Darwin.

Discutem-se, ainda, as ramificações sociais e evolutivas da nossa aparente proclividade para a mudança neocortical rápida, progressiva e adaptativa, assim como se propõem algumas formas de testar aspectos desta teoria.