Porque é que quando vemos uma imagem de um objecto reflectida num espelho temos consciência de uma inversão esquerda-direita mas não de uma inversão topo-base, apesar do espelho não discriminar opticamente os dois eixos?

Neste artigo faz-se uma exposição de ideias elaborada anteriormente apresentada por Navon (1987), verificando-se que a real fonte da percepção de inversões não é a sugerida pela ingénua atribuição causal: enquanto que o espelho não discrimina entre os eixos frontais, os encontros frontais fazem-no.

As imagens de espelho parecem, assim, ser invertidas ao longo de um eixo planar - o horizontal, na nossa ecologia - porque sugerem um encontro frontal prototípico, desviam-se dele, no entanto, de uma forma lícita.

O desvio deve-se ao facto de, ao contrário da visão pelo espelho, em qualquer encontro frontal os lados homólogos intrínsecos estarem opostos entre si apenas ao longo de um eixo planar. O eixo distinto, nomeadamente aquele eixo particular cujos pólos homólogos estão em frente um ao outro num encontro frontal propotípico numa determinada ecologia, constituiria o eixo espelho-invariante.

Segue-se a generalização a outros sistemas coordenadores, outros encontros e outras ecologias. Finalmente, são revistos de forma crítica outros aspectos do tema.