Esta revisão não pretende ser especificamente uma crítica às especulações de Skinner acerca da linguagem, mas sim uma crítica mais geral relativamente às especulações behavioristas (preferiria dizer “empíricas”) a propósito da natureza dos processos mentais superiores.

As razões que me levam a discutir tão pormenorizadamente o livro de Skinner prendem-se com o facto de este ser a apresentação mais cuidadosa e completa dessas especulações. Neste sentido, se as conclusões que pretendo provar nesta revisão estiverem correctas - como acredito que estão -, o trabalho de Skinner poderá ser considerado uma reductio ad absurdum dos pressupostos behavioristas. O meu ponto de vista pessoal é o de que se trata de um mérito - e não um defeito - do trabalho de Skinner que pode ser usado para o propósito deste artigo. É por esta razão que tentei lidar com ele de forma exaustiva.

Não consigo compreender de que modo as suas propostas possam ser melhoradas - aparte detalhes e lapsos ocasionais - dentro da grelha de leitura que ele defende. Noutras palavras, não consigo ver como é que as suas propostas poderão ser significativamente melhoradas dentro do quadro de leitura behaviorista ou neobehaviorista, ou, de modo mais genérico, de acordo com as ideias empiristas que dominaram muito da psicologia e da filosofia modernas.

A conclusão que pretendo alcançar nesta revisão é a de que o ponto de vista global era, em grande medida, mitológico, e que a aceitação generalizada não resulta de qualquer suporte empírico, argumentação persuasiva, ou ausência de uma alternativa mais plausível.