Estudos anteriores demonstraram que os bebés recém-nascidos são capazes de discriminar entre determinadas linguagens, sugerindo que o conseguem fazer através da categorização de uma multiplicidade de ritmos da fala. Contudo, e de forma a confirmar esta hipótese, é necessário demonstrar que a discriminação da fala é efectuada pelos recém-nascidos mesmo quando todas as “speech cues”, para além do ritmo, são removidas.

Neste sentido, foram levadas a cabo várias experiências para avaliar a capacidade dos recém-nascidos de discriminar entre o Holandês e o Japonês. Para tal, utilizou-se uma técnica de re-sintetização da fala, de forma a degradar progressivamente as propriedades não-rítmicas das frases.

Quando os estímulos são re-sintetizados usando fonemas idênticos e os mesmos contornos artificiais de entoação para as duas línguas (preservando apenas a sua estrutura rítmica), os recém-nascidos continuam a ser capazes de discriminar ambas.

Conclui-se, assim, que os bebés recém-nascidos são capazes de classificar as línguas de acordo com tipo de ritmo que apresentam, e que esta capacidade poderá ajudá-los a desenvolver outras propriedades fonológicas da sua língua de origem.