O objectivo deste estudo pretende ser um contributo para promover a reflexão e a compreensão sobre a influência explícita ou implícita que o contexto familiar tem no desenvolvimento vocacional dos adolescentes e jovens, para que, conhecendo, se possa intervir para o influenciar, através de intervenções intencionais e sistemáticas. Especificamente, procura-se, aqui, analisar, como algumas variáveis do contexto familiar, – coesão e expressividade, conflito, orientação intelectual/cultural e recreativa, orientação para o sucesso, ênfase religiosa e organização e controle – podem estar associadas a variáveis do desenvolvimento vocacional – exploração, investimento, e tendência para excluir opção (ou seja, realizar investimentos sem exploração) – verificando, também, se existem diferenças, em função das variáveis: ano de escolaridade, género e nível socio-económico.

Nas perspectivas clássicas da Psicologia e Orientação Vocacional, o desenvolvimento vocacional era conceptualizado como uma dimensão ao lado do desenvolvimento psicológico global (Campos, 1980), introduzindo um sistema de clivagens no funcionamento psicológico e social do indivíduo, como se o sujeito psicológico não fosse um todo integrado no seu desenvolvimento pessoal e social. Além disso, geralmente, circunscrevia-se esta dimensão do desenvolvimento ao sistema individual, negligenciando a poderosa influência dos contextos sociais de vida no processo. Até mesmo as perspectivas desenvolvimentais (Super, 1950; 1980), que chamaram a atenção para a influência dos contextos de vida no desenvolvimento vocacional conceberam-no numa perspectiva unidireccional, nem sempre levando na devida linha de conta o facto de que os contextos e o indivíduo estão em constante interacção, influenciam e são influenciados (Grotevant & Cooper, 1988). Daí, neste estudo, se tenha privilegiado a importância dos contextos de vida, especificamente um dos mais importantes – a família –, numa dimensão específica do desenvolvimento psicológico, o desenvolvimento vocacional.

Assim, o desenvolvimento vocacional, neste estudo, é conceptualizado como uma dimensão do desenvolvimento psicológico global referindo-se à confrontação do indivíduo com as sucessivas tarefas relacionadas com a elaboração, implementação e reformulação de projectos de vida multidimensionais, onde estão em jogo a educação, a formação, a qualificação profissional e a actividade profissional, na articulação com a escolha de um estilo de vida que comporta a coordenação dos diferentes papéis da existência: familiar (como filho(a), cônjuge, pai ou mãe), cidadão, consumidor, membro de grupos de vária ordem, etc.. Considera-se, ainda, a exploração e o investimento como os dois processos psicológicos dialécticos e activadores do desenvolvimento vocacional, porque é mediante a exploração, através da relação que o sujeito estabelece com o mundo físico e sobretudo social – mediante a procura, questionamento e experienciação –, que se constrói e reconstrói os investimentos vocacionais.

Parte-se de uma perspectiva construtivista, ecológica e desenvolvimental, em termos epistemológicos, e da preocupação pragmática da transformação da realidade (a intervenção psicológica vocacional).

Das razões que fundamentaram esta opção construtivista sublinham-se estas ideias força: (a) é a perspectiva de raiz psicológica que permite uma leitura integradora das várias dimensões da complexidade do funcionamento psicológico que intervêm na construção do itinerário vocacional, porque a relação dialéctica que o sujeito estabelece com o mundo, mediante a exploração e o investimento vocacionais, é, simultaneamente, afectiva, cognitiva e indissociável da acção (Campos, & Coimbra, 1991), garantindo a construção de significados idiossincráticos que torna possível a viabilização de projectos humanos, historicamente organizados e socialmente inscritos; (b) além disso, é a abordagem mais adequada para ultrapassar visões lineares, unidireccionais e ascendentes das trajectórias vocacionais, inadequadas à complexidade do funcionamento individual e social, propondo, em alternativa, uma concepção do desenvolvimento vocacional, multidimensional e recorrente, onde a lógica das possibilidades e da viabilidade se sobrepõem aos critérios da verdade e da validade (Coimbra, 1996).

A escolha da perspectiva ecológica e desenvolvimental justifica-se pelo facto de proporcionar um quadro conceptual que permite articular as variáveis pessoais e as contextuais, ultrapassando as dicotomias do “todo social” extrapessoal – das abordagens de cariz mais sociológico – e o “todo pessoal” intrapessoal – da tradição psicológica clássica – (Campos, 1992). A perspectiva ecológica do desenvolvimento humano (Bronfenbrenner, 1997; 1986) oferece a possibilidade de uma reconceptualização do desenvolvimento humano em geral no contexto de interacções significativas, dinâmicas e recíprocas entre o sujeito em desenvolvimento e os seus contextos de vida, percepcionando-se, especificamente, o desenvolvimento vocacional como um processo desconstrutivo/reconstrutivo de significados e representações que o self estabelece na relação com a família e com o mundo em que se insere (Vondracek et al., 1986). Porque os sujeitos não se constróem exclusivamente a partir de guiões, planos, projectos e recursos internos, mas estes entrecruzam-se com os guiões, planos, projectos e recursos do mundo dos outros (Gergen, 1989).

Esta perspectiva também proporciona um quadro de referência fundamental para a intervenção psicológica, colocando em questão as intervenções clássicas que limitam o âmbito da sua acção aos sistemas pessoais, para propor, em alternativa, o alargamento da intervenção aos contextos de vida mais imediatos.

Como o presente trabalho se circunscreve aos limites da família, enquanto primeiro e nuclear contexto de desenvolvimento, com incidências na auto-organização do indivíduo, para avaliar em que medida os outros significativos têm um impacto relevante no desenvolvimento vocacional, recorreu-se à perspectiva sistémica da família, como instrumento de análise, para perceber como a realidade familiar se auto-organiza e auto-regula ao longo do ciclo vital, como constrói a sua identidade sistémica e, simultaneamente, como contribui para a construção da identidade de cada um dos elementos que a constituem.

 

Objectivos específicos

Assim, os objectivos específicos deste estudo podem ser enunciados como segue:

1. analisar a influência de um conjunto de variáveis do clima psicossocial da família no desenvolvimento vocacional, através de um estudo transversal, numa população de adolescentes e jovens portugueses, do 9º e 12º anos de escolaridade;

2. Identificar e analisar as diferenças da influência do contexto psicossocial da família no desenvolvimento vocacional em função das variáveis ligadas ao género, nível de escolaridade e ao nível socio-económico.

 

Hipóteses levantadas

Neste estudo de carácter exploratório foram levantadas algumas hipóteses a partir da revisão da literatura sobre o domínio em análise, da experiência da intervenção em consulta psicológica vocacional e da produção teórica nesta temática, que seguidamente se enunciam:

1. Espera-se encontrar uma relação entre contextos familiares com níveis satisfatórios equilibrados de coesão (grau de compromisso, ajuda e apoio que os membros da família providenciam uns aos outros) e expressividade (até que ponto os membros da família são encorajados a agir abertamente e a expressar directamente os seus sentimentos), e um maior envolvimento em actividades de exploração vocacional e investimentos e uma baixa tendência para excluir opções, ou seja, de fazer investimentos sem exploração.

2. Espera-se encontrar uma relação positiva entre famílias conflituosas (zangas, agressões e conflitos frequentes, que são expressos abertamente entre os membros da família) e níveis baixos de actividades de exploração e investimento vocacional.

3. Espera-se encontrar uma associação entre as dimensões de crescimento proporcionadas pelos contextos familiares (orientação intelectual, cultural e recreativa e orientação para o sucesso) e níveis elevados de exploração e investimento vocacional.

4. Espera-se encontrar uma relação positiva entre níveis funcionais (equilibrados/adequados) de organização e controle (grau de importância dada à estrutura familiar e à definição de regras e procedimentos para gerir a vida da família) do sistema familiar e comportamentos de exploração e investimento vocacional.

5. Espera-se encontrar, diferenças entre os alunos do 9º e do 12º anos de escolaridade quanto às representações das variáveis do contexto familiar no desenvolvimento vocacional.

6. Não se espera encontrar diferenças quanto ao sexo, relativamente às condições do clima psicossocial da família e ao nível de exploração e investimento vocacionais.

7. Espera-se encontrar diferenças quanto ao nível socio-económico, relativamente às condições do clima psicossocial da família e ao nível de exploração e investimento vocacionais.

 

Variáveis

As variáveis consideradas neste estudo são: o clima psicossocial da família, o desenvolvimento vocacional, o género, o ano de escolaridade e o nível socio-económico.

O clima psicossocial da família foi avaliado através da Escala do Ambiente Familiar, Family Environment Scale - Forma R (Moos & Moos, 1986), que operacionaliza as representações do ambiente familiar através das dimensões: coesão/expressividade, conflito, orientação intelectual/cultural e recreativa, orientação para o sucesso, ênfase religiosa e organização e controle.

O desenvolvimento vocacional foi avaliado recorrendo à Escala do Investimento na Escolha Vocacional, Commitment to Career Choice Scale (Blustein et al., 1989), que operacionaliza o desenvolvimento vocacional em comportamentos de exploração, investimento e investimento sem exploração (tendência para a exclusão de opções).

 

Caracterização da amostra

A amostra é constituída por 426 alunos, sendo 183 rapazes (43%) e 243 raparigas (57%), do 9º e 12º anos de escolaridade da região do Grande Porto, de duas escolas secundárias situadas em áreas geográficas diferentes: uma numa zona residencial mais favorecida do ponto de vista socio-económico, e outra da periferia, atingindo uma população mais desfavorecida de bairros sociais, para que se pudesse garantir uma amostra equilibrada, tendo em conta a variável nível socio-económico (ver quadro 1).

 

Quadro 1
Caracterização da amostra em função do NSE, sexo, ano de escolaridade. N= 426

NSE       

Alto

Médio

Baixo

Total

SEXO

     ANO

Fem

Masc

Total

Fem

Masc

Total

Fem

Masc

Total

Fem

Masc

Total

 

47

41

88

29

32

61

36

36

72

112

109

221

 

12º

38

17

55

46

22

68

47

35

82

131

74

205

 

TOTAL

85

58

143

75

54

129

83

71

154

243

183

426

 

 

 

Apresentação e discussão dos resultados do clima psicossocial da família e o desenvolvimento vocacional

Neste momento, apresentam-se e discutem-se os resultados da correlação entre dois conjuntos de variáveis, dos quais o primeiro diz respeito ao ambiente psicossocial da família e o segundo ao desenvolvimento vocacional, para verificar se existem e, em caso afirmativo, quais as relações que poderão existir entre os contextos familiares e a orientação e desenvolvimento dos filhos adolescentes.

Para comparar os dois conjuntos de variáveis optou-se pela correlação canónica, como técnica de análise estatística. Este tratamento é particularmente útil em situações empíricas em que se pretende comparar dois conjuntos de variáveis métricas ou numéricas (Hair, Anderson, Tatan & Black, 1995; Stevens, 1996; Tabachnick & Fidel, 1989; Thompson, 1995).

Quando se pretende correlacionar múltiplas variáveis independentes e dependentes, como é o caso desta investigação, a correlação canónica é o tratamento mais adequado e poderoso, porque permite uma análise discriminativa das múltiplas dimensões de cada conjunto de variáveis e proporciona a máxima correlação entre as várias dimensões. Assim sendo, a correlação canónica oferece a estrutura óptima de cada conjunto de variáveis que maximiza a relação entre os dois conjuntos de variáveis, funcionando um dos conjuntos como variável independente e outro como variável dependente.

Apresentam-se, no quadro 2, os resultados globais da correlação canónica para avaliar como as dimensões do ambiente familiar propostas pelo FES (Moos & Moos, 1986) que interferem no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens, avaliado pelas dimensões subjacentes ao CCCS (Blustein et al., 1989).

 

Quadro 2
Análise da correlação canónica global do ambiente psicossocial da família (FES) e do desenvolvimento vocacional (CCCS).

F. Can.

Rc.

R2

Eigenval.

% Var.

Lambda de Wilks

F

G. L.

P

1

.424

.180

.219

77,964

.771

6,062

18

.0001*

2

.207

.043

.045

15,911

.940

2,490

10

.006**

3

.130

.017

.017

6,124

.983

1,739

4

.140

Nível de significância: *p<.0001; **p<.01; F. Can.= Função canónica; Rc.= correlação canónica; R2= =quadrado da correlação canónica; Eigenval.= Valor próprio; %Var.= Percentagem da variância explicada.

 

Da análise dos resultados pode concluir-se que existem duas raízes canónicas com uma relação significativa (embora, a magnitude da segunda raiz seja inferior a .30) entre os seis factores do clima psicossocial do ambiente familiar (FES) e os três factores subjacentes à escala do desenvolvimento vocacional (CCCS) para o total da amostra, com um Lambda de Wilks =.771, F (G. L.= 18)= 6,062, P= .0001 para a primeira raiz canónica, e com um Lambda de Wilks = .940, F (G. L.= 10)= 2,490, P= .006 para a segunda raiz canónica. A primeira raiz canónica explica 78% da variância e a segunda raiz 16% da variância total. A leitura destes resultados permite concluir, globalmente, que o ambiente familiar tem um impacto, óbvio, no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens.

Para que uma correlação canónica possa ser objecto de interpretação deve-se ter em conta, por ordem de prioridades, a confluência de três critérios a saber: a magnitude da raiz canónica a significância estatística da raiz canónica e o nível de redundância resultante da percentagem da variância explicada a partir dos dois conjuntos de variáveis (Hair et al., 1995). Como, neste caso, a magnitude da segunda correlação canónica é baixa, apesar da sua significância, e, como o seu contributo, relativamente à primeira, para explicar a percentagem da variância é modesto, não se fará qualquer interpretação da mesma.

Para se fazer uma interpretação das correlações canónicas, normalmente recorre-se à estrutura de correlação canónica ou canonical loadings, que permite verificar qual o contributo ou peso que cada variável tem na correlação canónica, e analisar a relação entre as várias dimensões.

 

Quadro 3
Estrutura de correlação canónica (canonical loadings) da amostra total.

VARIÁVEIS

RAIZ 1

Coesão e expressividade

.037

Conflito

.250

Ênfase religiosa

.380

Orientação intelectual/cultural/recreativa

.049

Organização e controle

.450

Orientação para o sucesso

.951

Exploração vocacional

.544

Investimento vocacional

-.370

Tendência para excluir opções

.742

 

Partindo do valor .30 como referência com significado (Tabachnick & Fidel, 1989), verifica-se, quando se faz a análise da estrutura de correlação canónica da raiz canónica 1, que explica 78% da variância, que as dimensões da orientação para o sucesso, da organização e controle e da ênfase religiosa estão positivamente relacionadas com as dimensões da tendência para a exclusão de opções (tendência a fazer escolhas sem exploração) e para a exploração vocacional e negativamente relacionadas com a dimensão de investimento vocacional (cf. Quadro 3).

Realizaram-se correlações canónicas intra-grupos: rapazes e raparigas, alunos do 9º e 12º anos de escolaridade, e os três níveis socio-económicos, alto, médio e baixo, para explorar se existiriam diferenças significativas quanto ao sexo, ano de escolaridade e nível socio-económico.

 

Apresentação dos resultados da correlação canónica da amostra relativos ao ano de escolaridade e ao nível socio-económico

 

Quadro 4
Análise da correlação canónica do ambiente psicossocial da família (FES) e do desenvolvimento vocacional (CCCS) nos alunos do 9º ano.

F. Can.

Rc.

R2

Eigenval.

% Var.

Lambda de Wilks

F

G. L.

P

1

.476

.227

.293

78%

.714

3.985

18

.0001*

2

.231

.053

.057

15%

.924

1.618

10

.099

3

.153

.023

.024

7%

.976

1.211

4

.307

Nível de significância:*p<.0001; F. Can.= Função canónica; Rc.= correlação canónica; R2= quadrado da correlação canónica; Eingenval.= Valor próprio; %Var.= Percentagem da variância explicada.

 

Quadro 5
Estrutura de correlação canónica (canonical loadings) dos alunos do 9º ano para a raiz significativa.

VARIÁVEIS

RAIZ 1

Coesão e expressividade

-.056

Conflito

.389

Ênfase religiosa

.574

Orientação intelectual/cultural/recreativa

-.172

Organização e controle

.523

 Orientação para o sucesso

.828

Exploração vocacional

.615

Investimento vocacional

-.265

Tendência para excluir opções

.738

 

Quadro 6
Análise da correlação canónica do ambiente psicossocial da família (FES) e do desenvolvimento vocacional (CCCS) nos alunos do 12º ano.

F. Can.

Rc.

R2

Eigenval.

% Var.

Lambda de Wilks

F

G. L.

P

1

.312

.097

.108

52%

.819

2.197

18

.003*

2

.259

.067

.072

35%

.908

1.905

10

 .043**

3

.163

.027

.027

13%

.973

1.323

4

.263

Nível de significância: *p<.001; **p=<.05; F. Can.= Função canónica; Rc.= correlação canónica; R2= quadrado da correlação canónica; Eigenval.= Valor próprio; %Var.= Percentagem da variância explicada.

 

Quadro 7
Estrutura de correlação canónica (canonical loadings) dos alunos do 12º ano para as duas raízes significativas.

VARIÁVEIS

RAIZ 1

RAIZ 2

Coesão

.023

-.876

Conflito

.346

.635

Ênfase religiosa

.057

-.099

Orientação intelectual/cultural/recreativa

.024

-.647

Organização/controle

.338

.368

Orientação para o sucesso

.929

-.267

Exploração vocacional

.505

.432

Investimento vocacional

-.245

.901

Tendência para excluir opções

.611

.178

 

Analisando os quadros relativamente ao ano de escolaridade (Quadros 4 a 7), nota-se uma diferença de resultados entre os alunos do 9º ano e do 12º ano de escolaridade, confirmando uma das hipóteses (nº 5) avançadas neste estudo. Enquanto no grupo do 9º ano apenas existe uma correlação canónica de magnitude aceitável e significativa com um valor de Lambda de Wilks = .741, F (18) = 3.985, p= .0001, explicando 78% da variância total (cf. Quadro 4), no grupo dos alunos do 12º ano de escolaridade há duas raízes canónicas significativas com um valor de Lambda de Wilks = .819, F (18) = 2.197, p= .003, explicando a primeira raiz 52% da variância total e a segunda raiz com um Lambda de Wilks = .908, F (10)= 1.905, p= .043, explicando 35% da variância total (cf. Quadro 6). Também são evidentes as diferenças entre os dois grupos relativamente ao peso que as várias dimensões dos dois conjuntos de variáveis tem no contributo para a explicação das correlações canónicas.

Centrando-se a análise na estrutura da correlação canónica verifica-se que, no grupo dos alunos do 9º ano (cf. Quadro 5), existe uma relação positiva entre as dimensões do sucesso, ênfase religiosa, organização e controle e conflito (relativamente ao ambiente familiar) e as dimensões da tendência para a exclusão de opções (investimentos sem exploração) e a exploração vocacional (relativamente ao desenvolvimento vocacional), que se orientam no mesmo sentido dos resultados da amostra total e das sub-amostras relacionadas com o sexo.

Nos alunos do 12º ano de escolaridade salienta-se, sobretudo, uma relação positiva da dimensão do sucesso com a tendência para excluir opções e a exploração vocacional, relativamente à primeira raiz canónica, deixando de ter um peso significativo a dimensão da ênfase religiosa da família, comum a todos os grupos analisados até ao momento. Quanto à segunda raiz, verifica-se uma relação inversa entre a coesão e orientação intelectual/cultural e recreativa com o investimento e a exploração vocacionais, e uma relação positiva entre o conflito e organização e controle, por um lado, e o investimento e exploração vocacionais, por outro (Quadro 7). Sublinhe-se que só neste grupo emerge a dimensão do investimento correlacionada positivamente com as dimensões do ambiente familiar, precisamente as dimensões do conflito e de organização e controle.

Apresentam-se, em seguida, os quadros de resultados relativos às correlações canónicas dos vários níveis socio-económicos:

 

Quadro 8
Análise da correlação canónica do ambiente psicossocial da família (FES) e do desenvolvimento vocacional (CCCS) relativo ao nível socio-económico alto

F. Can.

Rc.

R2

Eigenval.

% Var.

Lambda de Wilks

F

G. L.

P

1

.496

.246

.327

76%

.682

2.959

18

.0001*

2

.246

.061

.065

15%

.905

1.335

10

.221

3

.190

.036

.038

9%

.963

1.240

4

.297

Nível de significância:*p<.0001; F. Can.= Função canónica; Rc.= correlação canónica; R2= quadrado da correlação canónica; Eigenval.= Valor próprio; %Var.= Percentagem da variância explicada.

 

Quadro 9
Estrutura de correlação canónica do nível socio-económico alto (canonical loadings) das variáveis canónicas com a raiz significativa.

VARIÁVEIS

RAIZ 1

Coesão e expressividade

.238

Conflito

.020

Ênfase religiosa

.597

Orientaçãointelectual/cultural/recreativa

.411

Organização e controle

.599

 Orientação para o sucesso

.914

Exploração vocacional

.324

Investimento vocacional

-.487

Tendência para excluir opções

.671

 

Quadro 10
Análise da correlação canónica do ambiente psicossocial da família (FES) e do desenvolvimento vocacional (CCCS), no nível socio-económico médio.

F. Can.

Rc.

R2

Eigenval.

% var.

Lambda de Wilks

F

G. L.

P

1

.369

.136

.157

50%

.743

2.038

18

.008*

2

.333

.111

.125

39%

.859

1.851

10

.053

3

.182

.033

.034

11%

.967

1.014

4

.403

Nível de significância:*p<.01; F. Can.= Função canónica; Rc.= correlação canónica; R2= quadrado da correlação canónica; ingenval.= Valor próprio; %Var.= Percentagem da variância explicada.

 

Quadro 11
Estrutura de correlação canónica (canonical loadings) do nível socio-económico médio das variáveis canónicas com as raizes significativas.

VARIÁVEIS

RAIZ 1

RAIZ 2

Coesão

-.129

-.580

Conflito

.415

.422

Ênfase religiosa

.460

.312

Orientação intelectual/cultural/recreativa

.090

-.702

Organização/controle

.489

 .026

Orientação para o sucesso

.807

.470

Esploração vocacional

.793

.509

Investimento vocacional

.049

.947

Tendência para excluir opções

.455

-.642

 

Quadro 12
Análise da correlação canónica do ambiente psicossocial da família (FES) e do desenvolvimento vocacional (CCCS), no nível socio-económico baixo.

F. Can.

Rc.

R2

Eigenval.

% Var.

Lambda de Wilks

F

G. L.

P

1

.476

.227

.293

78%

.714

2.725

18

.0001*

2

.250

.063

.067

18%

.923

1.124

10

.343

3

.122

.015

.015

4%

.985

.528

4

.715

Nível de significância:*p<.0001; F. Can.= Função canónica; Rc.= correlação canónica; R2= quadrado da correlação canónica; Eigenval.= Valor próprio; %Var.= Percentagem da variância explicada.

 

Quadro 13
Estrutura de correlação canónica (canonical loadings) do nível socio-económico baixo das variáveis canónicas com a raiz significativa.

VARIÁVEIS

RAIZ 1

Coesão e expressividade

-.033

Conflito

.377

Ênfase religiosa

.128

Orientação intelectual/cultural/recreativa

-.052

Organização e controle

.304

 Orientação para o sucesso

.926

Exploração vocacional

.666

Investimento vocacional

-.368

Tendência para excluir opções

.825

 

Pela análise dos quadros 8 a 13, pode constatar-se que existe nos três níveis socio-económicos (alto, médio e baixo) apenas uma raiz canónica significativa, embora no nível socio-económico médio existam duas raízes com magnitude aceitável (.369 e .333) e nos NSE alto e baixo, apenas uma em cada.

Assim, a correlação canónica significativa para o nível socio-económico alto tem um Lambda de Wilks = .682, F (G. L.=18)= 2.959, P= .0001, explicando 76% da variância total (ver Quadro 8); no nível socio-económico médio tem um Lambda de Wilks = .743, F (G. L.=18)= 2.038, P= .008, explicando 50% da variância total (ver Quadro 10); no nível socio-económico baixo tem um Lambda de Wilks = .714, F (G. L.=18)= 2.725, P= .0001, explicando 78% da variância total (ver Quadro 12).

A leitura das estruturas de correlação canónica permite concluir que, no nível socio-económico alto, existe uma correlação positiva entre as dimensões do sucesso, organização e controle, ênfase religiosa com a tendência para excluir opções (realizar escolhas sem exploração) e a exploração vocacional e uma relação negativa com o investimento (cf. Quadro 9), resultados comuns à amostra total e ao sexo.

No nível socio-económico baixo, são as dimensões do sucesso e do conflito que estão relacionadas positivamente com as dimensões da tendência para excluir opções e a exploração vocacional, e negativamente com o investimento (cf. Quadro 13).

No nível socio-económico médio, porque se registam duas raízes canónicas com uma magnitude superior a .30 (cf. Quadro 9), realizar-se-á uma interpretação dos resultados das duas raízes, apesar de a segunda não ser significativa (Hair et al., 1995).

Analisando a estrutura de correlação canónica da raiz 1, constata-se que existe uma relação positiva entre o sucesso, organização e controle, ênfase religiosa e conflito e a exploração vocacional e a tendência para realizar escolhas sem exploração (excluir opções).

Na raiz 2, verifica-se existir uma relação positiva entre o sucesso e o conflito e o investimento e exploração vocacionais e negativa com a tendência a excluir opções; e além disso, constata-se uma associação negativa entre a orientação cultural e recreativa e a coesão familiar e as dimensões do desenvolvimento vocacional – investimento e exploração e positiva com a tendência para excluir opções.

 

Discussão global dos resultados da influência das dimensões do contexto familiar no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens

Após se ter apresentado, minuciosamente, os resultados das correlações canónicas dos vários sub-grupos analisados, para verificar a relação entre as dimensões do contexto familiar, avaliadas pelo FES (Moos & Moss, 1986), e as do desenvolvimento vocacional, avaliadas pelo CCCS (Blustein et al.,1989), reflectem-se um conjunto de considerações na tentativa de explicar o significado psicológico e social para os resultados na sua globalidade, nas relações partilhadas entre os vários sub-grupos estudados em separado e uma interpretação das especificidades dos vários sub-grupos onde se verificaram diferenças.

Registe-se, a partir da análise global dos resultados das correlações canónicas dos vários sub-grupos, que as relações entre as várias dimensões do contexto familiar e do desenvolvimento vocacional orientam-se, na sua generalidade, no mesmo sentido, havendo uma forte articulação entre as dimensões, por ordem de importância, do sucesso, organização e controle, ênfase religiosa, conflito com a exploração vocacional e tendência para excluir opções e uma relação inversa com o investimento vocacional.

De salientar que, nos alunos do 12º ano de escolaridade e o nível socio-económico médio, existe, por um lado, uma relação positiva entre as dimensões do contexto familiar (conflito e organização e controle) e o investimento e exploração vocacionais, e, por outro, uma associação negativa entre a coesão e a exploração e o investimento, e positiva com a tendência para fazer escolhas sem exploração (exclusão de opções).

A interpretação que se poderá adiantar em relação aos resultados da amostra total e das duas sub-amostras relativas ao género, quanto às representações que os adolescentes e jovens possuem das mensagens transaccionadas na família sobre a orientação para o sucesso e sua relação com a tendência para excluir opções, ou seja, para fazer investimentos sem exploração, é compreensível dentro da dinâmica da circularidade sistémica. Isto é, os contextos familiares marcados pela competição, onde se transmitem mensagens insistentes de que o sucesso se tem de conseguir a qualquer preço, pode levar o sujeito a fazer investimentos imediatos sem os explorar, ao confrontar-se com a décalage entre as expectativas dos pais, demasiado elevadas, e a inadequação aos seus recursos pessoais (Young et al., 1994).

A relação entre organização e controle e a tendência para a exclusão de opções pode ser interpretada a partir da teoria sistémica e confirmada por várias investigações (Eigen et al., 1987; Penick & Jepsen, 1992; Young et al., 1994). Estes autores sublinham que as famílias aglutinadas e pouco diferenciadas, marcadas por um forte controle (rigidificação) das figuras parentais, não proporcionam oportunidades de exploração.

Quanto à ênfase religiosa da família, se se fizer uma análise cuidadosa aos itens da escala, aponta, na sua generalidade, para valores rigidificados e tradicionais de uma religiosidade familiar, marcadamente sociológica, institucionalizada e extrínseca ao sujeito, demarcando-se, claramente, de uma opção livre e esclarecida pelos valores do Evangelho que mantêm uma abertura aos princípios éticos universais, nomeadamente pelo respeito pela pessoa humana. Por isso, famílias com esta identidade, em termos de cultura e valores religiosos, poderão ser inibidoras de experiências diversificadas de exploração vocacional.

Pelo já dito, deixa-se antever que, famílias equilibradas entre um ambiente estruturado e flexível, que incentivem o investimento, mas sem imporem padrões de sucesso inadequados aos recursos dos sujeitos, poderão oferecer um contexto que garante experiências multivariadas de exploração através da relação que se estabelece com o mundo (Eigen et al., 1987; Penick & Jepsen, 1992; Young et al., 1994).

Na tentativa de apresentar uma interpretação para os resultados diferenciados em relação aos anos de escolaridade, remetem-nos para factores ligados ao desenvolvimento global. Os alunos do 12º ano são mais diferenciados, autónomos e com maior complexidade cognitiva do que os alunos do 9º ano de escolaridade, nas suas análises e representações sobre o contexto familiar. Assim, a relação negativa entre as dimensões de coesão e orientação para actividades culturais e recreativas e comportamentos de exploração e investimento vocacional poderá significar a afirmação do processo de autonomização dos jovens em relação às figuras significativas e o assumir o seu próprio protagonismo na construção do seu itinerário vocacional.

Este mesmo resultado, aparentemente, infirmaria a primeira hipótese levantada neste estudo. Contudo, partindo da dinâmica circular sistémica, se, por um lado, os contextos familiares demasiado coesos (aglutinados) podem inibir a diferenciação e não proporcionar experiências de exploração do mundo, por outro, contextos familiares que não garantam experiências de apoio doseados com momentos de desafio, não se constituirão em ambientes seguros capazes de promover sujeitos autónomos na construção dos seus itinerários vocacionais (Eigen et al., 1987; Kinier et al., 1990; Lopez & Andrews, 1987; Young et al., 1994)

A relação positiva entre a dimensão do conflito e a organização e controle e o investimento e a exploração também parece estar em oposição à segunda hipótese que se levantou neste estudo. Se atendermos, como já foi mencionado, que os níveis de conflito, tal como este é definido pela FES, são, em média, baixos (no 12º ano, a média é de 23.22, numa margem de variação que tem 54 como valor máximo) na amostra deste estudo, parece mais claro que contextos familiares que oferecem um nível moderado de organização e controle com momentos de algum conflito, produzido, eventualmente, pela confrontação de vários pontos de vista, possam facilitar experiências de exploração e investimentos, cujo principal protagonista seja o próprio sujeito (Young et al., 1994).

Relativamente, às diferenças verificadas nos diversos níveis socio-económico, partindo da análise da estrutura de coeficientes da segunda raiz do nível socio-económico médio, que explica 39% da variância total, (não se refere a primeira raiz, porque as dimensões relacionadas orientam-se no mesmo sentido dos resultados gerais), os resultados parecem indicar que estes sujeitos têm uma representação do impacto do contexto familiar no desenvolvimento vocacional com conotações diferenciadas em relação aos níveis socio-económicos altos e baixos.

Assim no nível socio-económico médio, por um lado, as dimensões doseadas e equilibradas de sucesso e de conflito são importantes para promoverem comportamentos de exploração vocacional e investimentos; por outro lado, as dimensões de coesão elevada (neste caso, aglutinação) e de actividades intelectuais, culturais e recreativas realizadas conjuntamente na família não promovem a exploração e o investimento, mas sim escolhas sem exploração. Nos sujeitos de níveis socio-económicos altos e baixos são as dimensões do sucesso, da organização e controle e da ênfase religiosa que estão relacionadas positivamente com a tendência para excluir opções e para a exploração vocacional e negativamente com o investimento.

Ora, o sentido das diferenças constatadas pode ser interpretado como uma tendência para um maior grau de autonomia dos sujeitos de nível socio-económico médio em relação aos seus contextos familiares no domínio das escolhas vocacionais. As diferenças tornam-se compreensíveis se considerar a abertura e dinamismo que caracterizam os níveis socio-económicos intermédios relativamente à mobilidade social ascendente. Nos níveis elevado e baixo, por razões de natureza bem diversa, predomina a convencionalidade ligada à reprodução do estilo de vida dominante ou à escassez de oportunidades para contrariar o determinismo da origem socio-económica.

O significado psicológico e social destas diferenças pode ser explicado pelo facto de o grupo de nível socio-económico médio, na cultura portuguesa, ser o de maior mobilidade social, assumindo um papel decisivo nas grandes transformações sociais e políticas. Por isso, surge como o grupo mais dinâmico, mais competitivo e com expectativas elevadas quanto ao seu protagonismo no mundo da cultura e profissional. Estas mensagens são transmitidas implícita ou explicitamente no contexto familiar e coexistem com os dispositivos necessários em termos de apoios afectivos e instrumentais para garantirem projectos de formação e de profissão que possam proporcionar o sucesso pessoal e familiar.

Quanto ao nível socio-económico alto tende a ser, normalmente, um grupo mais cristalizado e acomodado onde, em muitos casos, os apoios instrumentais se sobrepõem aos emocionais. Por isso, nos sujeitos deste grupo nível socio-económico alto, existe uma relação positiva entre as dimensões do contexto familiar, sucesso, organização e controle e ênfase religiosa e orientação para actividades culturais e recreativas com a tendência para excluir opções (fazer investimentos sem exploração) e a exploração vocacional, e negativa com o investimento. Estas famílias tendem a ser contextos favoráveis à emergência de sujeitos com estatutos de identidade outorgada, favoráveis ao cumprimento do projecto vocacional da família, ou então, sujeitos em difusão.

Relativamente ao nível socio-económico baixo, a relação positiva entre o sucesso, organização e controle e conflito com a tendência para a exclusão de opções (investimento sem exploração) e com a exploração, e negativa com o investimento pode explicar-se pelo facto de estes sujeitos terem expectativas reduzidas quanto ao seu projecto de vida (formação, profissão), porque as mensagens veiculadas na sua família de origem e nos seus contextos de vida mais próximos vão nesse sentido e porque os constrangimentos económicos e sociais os empurram inevitavelmente para a primeira oportunidade de trabalho que lhes garante a si e aos seus a sobrevivência, porque, em muitos casos, a exploração é um privilégio que resulta de pertencer a uma família com um determinado nível socio-económico (Gonçalves & Coimbra, 1995). No que se refere à dimensão da exploração, provavelmente, explica-se pelas variáveis mediadoras que poderão interferir nos resultados, porque os grupos socio-económicos em si não são homogéneos, portanto, no grupo socio-económico baixo pode haver sujeitos que, muito provavelmente, fazem investimentos sem exploração, por exemplo, aqueles que deixam precocemente a formação e entram no mundo do trabalho; e haverá sujeitos que continuam a exploração, provavelmente, aqueles que conseguiram libertar-se da lógica do determinismo do seu grupo social de pertença.

A investigação realizada confirma, na sua globalidade, que o contexto familiar influencia o processo de desenvolvimento vocacional dos adolescentes e jovens, sublinhando que há contextos de vida que proporcionam experiências de qualidade desenvolvimental, – em termos de oportunidades de exploração e investimento –, e outros que inviabilizam essas oportunidades. O desenvolvimento vocacional pode ser facilitado pelo ambiente familiar, quando fornece um contexto securizante, apoiante, desafiante, encorajador e promotor da autonomia ou obstaculizado, quando os contextos familiares são aglutinados, desmesuradamente competitivos, negligentes, rigidificados e pouco facilitadores da diferenciação e autonomia.

Como já foi sublinhado no decorrer deste trabalho, a produção de conhecimento sobre a realidade deve implicar a transformação da realidade percebida. A confirmação da relevância da influência do contexto familiar no desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens coloca o repto aos profissionais de psicologia que intervêm nesta dimensão do desenvolvimento psicológico, de elaborarem, implementarem e avaliarem projectos de consulta psicológica vocacional que não se circunscrevam apenas ao sistema individual, mas os alarguem aos contextos de vida decisivos e de maior acessibilidade, como a família, para proporcionar aos adolescentes e jovens um contexto securizante, facilitando-lhes oportunidades, experiências e apoios qualificados neste domínio do desenvolvimento psicológico e, simultaneamente, transformando a família num agente dinâmico com protagonismo no desenvolvimento vocacional.

 

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