Velhos são os trapos, será mito ou realidade? Ao longo dos vários séculos a perspectiva sobre o envelhecimento sofreu colossais alterações. De um ancião sábio, símbolo de experiência e respeito a um velho frágil, improdutivo e dependente. Devido a esta nova perspectiva, a sociedade actual, sobretudo o ocidente, reestruturou-se (política social) criando um sistema de segurança social, para apoiar o crescente número de reformados e consequentemente novas infra-estruturas de acolhimento para os mesmos. No entanto, nesta adaptação há que ter em conta o percurso histórico, social, económico e cultural, assim como as condições físicas e idiossincráticas de cada idoso. Este grupo não pode ser visto de forma homogénea, uma vez que cada um tem uma percepção e uma reacção diferente perante o seu processo de envelhecimento. Com este crescente número de idosos, devido à melhoria das condições de vida, evolução da medicina e redução da taxa de natalidade, surgiram novas ciências. Destacam-se a geriatria e a gerontologia, que têm dado o seu contributo para uma velhice bem sucedida. O idoso, após a passagem à reforma tem demasiado tempo livre. Por isso, insisto na mesma questão: Velhos são os trapos, será mito ou realidade? Não, os idosos não são trapos, entram sim numa nova fase da sua vida, que deve ser acompanhada por redes de apoio social, formais e informais que devem ter a missão de os ajudar a ultrapassar os seus problemas (cuidados básicos, situação financeira, entre outros), medos, inseguranças e solidão. Devem ainda proceder a uma intervenção sócio educativa, numa perspectiva de educação permanente, em que o idoso se torna agente do seu próprio desenvolvimento, dialogando com a sociedade e interagindo com as outras gerações. Este tipo de intervenção passa sobretudo pela animação na terceira idade, uma vez que, esta tem uma função cultural, psicossocial, socioeducativa, terapêutica, entre outras, proporcionando uma velhice mais digna e de valorização do idoso, podendo contribuir para a prevenção de doenças, maior mobilidade do idoso, sensação de bem-estar físico e psicológico. Assim a Terceira Idade não é um mito é uma realidade, símbolo de uma vida que é “como um grande livro que folheamos e cujas páginas mais belas se encontram no fim.” Manuel Eyguem Montaigne- Essais