O objetivo de ver o filho pela internet -aquele que salta aos olhos- é observar o trabalho da escola, verificar se está tudo bem, vigiar. Resta saber quem será de fato vigiado e o que os filhos ganharão com isso, se é que haverá ganhos.

Cada um de nós precisa ter o próprio universo, livre da interferência alheia, para que o livre arbítrio possa ser uma realidade, para que se constitua um espaço interno de reflexões e escolhas autênticas.

O exercício da liberdade pode começar bem cedo, desde que seja permitido à criança vivenciá-lo. A escola é um dos espaços que oferece essa possibilidade. No espaço escolar as crianças começam a treinar, bem cedo, a capacidade de solucionar problemas e vivenciar conflitos. A mediação dos professores frente a esses conflitos costuma surtir efeitos diferentes daquela exercida pelos pais; a postura do professor pode ser imparcial e em geral é menos passional. A escola, por sua vez, não é um lugar tão protegido e está inserida mais profundamente no cenário social. Já a mediação parental atinge esferas mais amplas no psiquismo infantil e pode restringir uma atuação autônoma e criativa.