Se a telescola no final dos anos 70, princípios da década de 80 falhou como projecto inovador por estar demasiado à frente no seu tempo, acabou por ser anos mais tarde, nada mais nada menos, do que o percursor para o que hoje chamamos de e-Learning. Na Sociedade do Conhecimento, com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação, a formação e o ensino têm vindo a sofrer alterações na forma e no conteúdo por forma a dar resposta ás novas exigências da competitividade e da qualificação no mundo global.

Na qualidade de formador e consultor tenho-me apercebido ao longo dos tempos na forma como o conhecimento tem vindo a ser ministrado e do feedback que tem sido dado por parte dos formandos. De facto as formas tradicionais de ensino cada vez se ajustam menos à realidade contemporânea. Se por um lado temos profissões mais exigentes que nos ocupam mais tempo, por outro a crescente necessidade de aquisição de competências de qualificação cada vez nos concedem menos tréguas no “timing” para podermos acompanhar o ritmo da mudança. Então como o fazer? De que forma conseguiremos gerir o tempo por forma a colmatarmos as crescentes necessidades de formação ?

A solução caminha a passos largos para o mundo virtual da e-formação e do e-ensino, quer estejamos a falar ao nível da formação profissional, quer ao nível da escolaridade do sujeito . Usufruir de formação à medida quando e onde quisermos a preços mais competitivos passa a ser a forma mais eficaz, atractiva e menos onerosa para nos podermos manter actualizados num contexto em permanente mudança. Os números falam por si. Na verdade cerca de 40 % dos lares portugueses já possuem actualmente acesso à Internet. Se este número por si só ainda não convence, o que é certo é que em 2003 por exemplo este valor era menos de metade do actual.

Consequentemente o e-Learning parece que veio para ficar e revolucionar o ensino e a formação, estando presentes no mercado nacional várias empresas relacionadas com esta forma de ensino, das quais de destaca o Evolui.com com mais de 100 cursos online, tendo já formado milhares de internautas. O aumento do número de acessos à Internet quer por cabo quer no sistema wireless / 3G e a redução de custos progressivos na utilização da banda larga a par da desmistificação deste conceito, ajudarão a que o actual sistema de ensino e formação profissional, ainda predominantemente convencional, migre gradualmente para um sistema de b-learning numa primeira fase e posteriormente para e-Learning com a criação de comunidades virtuais e chat-rooms que substituirão as tradicionais salas de aula. Todos os caminhos e evidências apontam para tal, e no resto da Europa, já para não falar dos E.U.A., esta já é uma realidade.

Os tradicionais cursos de formação que ainda hoje “obrigam” as pessoas a estarem em sala por vezes 30 ou mais horas depois de um dia de trabalho com efeitos pedagógicos que deixam muito a desejar, serão provavelmente substituídos por workshops de sensibilização e ou por cursos intensivos de 4 ou 8 horas e tudo o mais será disponibilizado através de sistemas de intranet no local de trabalho recorrendo a Empresa a plataformas próprias ou na web onde as pessoas terão a oportunidade de usufruírem de formação especifica à medida a um ritmo totalmente flexível com custos incomparavelmente inferiores.

Se antigamente era o aluno que ia à escola, de futuro será a escola e o conhecimento que vai até ao formando – aluno. A vantagem competitiva estará precisamente na rapidez de acesso ao conhecimento e apreende-lo no menor espaço de tempo para que se possa colocar em pratica o mais breve possível. A antecipação será sem dúvida uma vantagem estratégica.

Devido à necessidade crescente de colocar as pessoas mais cedo no mercado de trabalho, por forma a sermos mais competitivos, o número de anos de escolaridade tenderá a ser mais reduzido e mais intensivo relativamente aos moldes actuais. O processo de Bolonha é já disto um exemplo, para além de uniformizar critérios e estabelecer equivalências no espaço europeu, e um sinal de que educação irá sofrer uma transformação profunda.

No caso particular do ensino básico e ao ritmo que as escolas fecham, dentro de poucos anos teremos comunidades virtuais de ensino onde o professor terá uma presença síncrona ou assíncrona onde o aluno será monitorizado e avaliado num contexto diferente daquele que conhecemos hoje. Os formatos multimédia estarão por certo na base deste sistema. Naturalmente que as pessoas terão de estar à altura dos acontecimentos, significando isto que todos os utilizadores terão de estar familiarizados com a tecnologia e dispor da mesma como instrumento de acesso ao conhecimento, pelo que, este fenómeno deverá afectar e envolver formadores e formandos de uma forma transversal.

A ideia no futuro será esbater e eliminar sobretudo barreiras físicas, sociais e culturais e levar o conhecimento a qualquer lugar quer seja na empresa ou em casa, proporcionando maior gosto e motivação pela aprendizagem e aproximar as pessoas criando comunidades de estudo que partilham os mesmos gostos e interesses. Claro está, que precisaremos evoluir culturalmente e tecnologicamente para que esta revolução se processe a bom ritmo e possamos competir no futuro de igual para igual com os nossos parceiros europeus.