1) INTRODUÇÃO

Partindo da constatação de que a quase totalidade dos seres humanos dormem todos os dias cerca de 1/3 do tempo, sugere-se que o sono deve satisfazer uma necessidade biológica básica do organismo humano. A privação dos sonos, particularmente dos sonhos, podem provocar efeitos tais como:

· perda de eficiência no funcionamento mental e físico,

· irritabilidade e descontrole emocional,

· tendências para distorção perceptiva,

· confusão ideacional.

O sono pode ser desencadeado desde a encefalite letárgica até a estimulação de uma região talâmica. Mas, foi a partir da descoberta dos movimentos oculares rápidos (MOR) (Aserinsky e Kleitman, 1953) que se pôde estabelecer uma caracterização nítida da fisiologia e patologia do sono. O estágio MOR e os estágios, em que não há movimentos oculares rápidos (NMOR) se mostraram monitoráveis pelo eletroencefalograma (EEG) e abriram a possibilidade de analisar o sono.

A fase NMOR se divide em quatro estágios, onde progressivamente há a lentificação da onda cerebral pelas supressões da estimulação externa e pela predominância de ondas provenientes da ressonância de circuitos cerebrais. O sono MOR é a fase onde ocorrem a maioria das experiências oníricas. No recém nascido (RN) e na criança pequena há elevada quota de sono equivalente ao MOR dos adultos, levando à suposição de que esses períodos seriam importantes para aprendizagem do RN, mas se passa como uma parte da maturação cerebral.

Considerou-se por muito tempo o sono como um fenômeno passivo, chegando até compará-lo à morte. Mas, o sono, particularmente o sonho, é um fenômeno ativo. Nele ocorre uma mudança de atividades, onde se selecionam as informações que são importantes para o dia procedente e se descartam as inúteis, que saturam o cérebro. O desencadear e a estrutura do sono é regulado pelo ritmo biológico. Atua no desenvolvimento humano, influi nos sonhos, nas funções cardiovasculares, nas mudanças respiratórias, na temperatura etc. Somente agora, cinqüenta anos depois de aprender que o cérebro trabalha muito durante o sono, a medicina descobriu que enquanto a pessoa dorme sua mente está se preparando para enfrentar o novo dia. Até bem pouco tempo a insônia e outros distúrbios eram subestimados.