Estima-se que a mãe seja a principal cuidadora da criança nos períodos de hospitalização. Pensando nisso, buscou-se compreender como acontece o processo de interação e integração entre mãe e filho com câncer em situação de tratamento hospitalar através da análise de estratégias de enfrentamento da mãe frente à doença da criança. Ainda, identificaram-se as mudanças da vida cotidiana materna decorrentes de sua permanência no hospital para acompanhar seu filho. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista estruturada aplicada a mãe de uma criança com tumor de Wilms. A coleta realizou-se em duas fases distintas: a primeira fase ocorreu no período de tratamento quimioterápico e a segunda, no período de internação da criança devido à leucopenia (redução no número de leucócitos). Estes dados foram agrupados em três categorias que se subdividiram. Assim, identificou-se que as questões cotidianas alteradas com o tratamento hospitalar da criança na vida materna foram à falta de tempo para cuidar dos demais filhos e de si mesma, e para ter um trabalho estável. As estratégias de enfrentamento utilizadas por ela foram à não responsabilização pela doença, esquiva, religiosidade, variáveis de personalidade, e afastamento psicológico. Concluiu-se que a mãe da criança demonstrou dificuldades de lidar com a doença de seu filho através de seu discurso contraditório, e que apesar da mesma achar que não há dificuldades para encarar a doença por causa de suas características pessoais, na realidade seu modo de lidar com o filho é diferenciado.