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Auto-medicação

2005
penide@sapo.pt
Licenciada em Psicologia Clínica pela Universidade Fernando Pessoa (Porto, Portugal)

Trabalho de caracter curricular realizado na disciplina de Psicofarmacologia da Licenciatura em Psicologia Clínica pela Universidade Fernando Pessoa

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Auto-medicação O impacto do exercício físico na Auto-estima, Investimento corporal e sentimentos de Auto-eficácia em estudantes universitárias: estudo exploratório.

INTRODUÇÃO

Escolhemos para tema deste trabalho “A Automedicação”, como repto ao desafio de, no âmbito da disciplina de Psicofarmacologia, desenvolver um estudo que fosse pertinente e, se legítimo, até polémico.
A Psicofarmacologia, enquanto disciplina, apresenta uma variedade de temas que poderiam ser abordados. No entanto, este tema relaciona-se com o nosso curso de Psicologia, na medida em que a automedicação passa também pelo comportamento de todas as partes envolvidas.
Esta questão que aparentemente tem sido encarada com indiferença ou consentimento, chega a níveis preocupantes de risco da saúde pública que urge confrontar e não adiar.
Apesar de muitos discursos e iniciativas neste âmbito ao longo das últimas décadas, na realidade mantemos níveis elevados de automedicação. Se pensarmos na quantidade medicamentos, e mais, do nosso interesse nos psicofármacos que são consumidos, podemos constatar que na sociedade actual o medicamento assumiu uma presença clara e constante nas nossas vidas, nunca antes imaginada.
Numa perspectiva futura, a farmacologia vai ao encontro de desenvolvimentos cada vez maiores que nos trarão com certeza novas questões.
A automedicação é um fenómeno frequente nos auto-cuidados em saúde desde há muito utilizado e, cuja ocorrência e distribuição, estão naturalmente relacionados com a organização do sistema de saúde de cada país.
A automedicação, por possuir uma dimensão ética associada ao direito e ao dever do individuo, esclarecida e responsavelmente, intervir no processo de saúde/doença, deve ser estruturalmente gerida pelo sistema de saúde sob pena de concorrer para o comprometimento do seu funcionamento seguro, eficaz, racional e económico. De facto, a procura de cuidados médicos gerais no ambulatório baseia-se nos conhecimentos individuais sobre o processo saúde/doença, na auto-percepção de saúde e na factualização dos problemas de saúde no contexto cultural, social, familiar e económico do doente, daí sobressaindo motivos para a procura e para a não procura da consulta médica. Contudo, a avaliação cientificamente conduzida do impacto e das consequências globais da automedicação nos sistemas de saúde e na sociedade, está ainda por fazer, sendo a larga maioria da informação disponível proveniente de estudos de mercado. Assim, a avaliação global da relação benefício/risco da automedicação, revela aspectos essenciais para a segurança, a eficácia e a eficiência do sistema de saúde, bem como para os critérios de classificação do estatuto legal dos medicamentos quanto à sua cedência ao público. Trata-se, porém, de um trabalho metodologicamente complexo e moroso e cuja abordagem tem de contemplar aproximações sucessivas às variáveis controlavelmente envolvidas.
Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma: primeiro enquadramos a questão do tema do nosso trabalho - a automedicação, na própria história e desenvolvimento da medicina e da farmacologia. De seguida apresentamos cinco grandes pilares que consideramos mais relevantes e pertinentes para o nosso trabalho e que, no nosso entender, induzem à automedicação. Estes cinco pilares aparecem de acordo com a formulação do problema, ou seja, de acordo com as diferentes motivações e perspectivas, ou níveis se quisermos, em que se manifesta a automedicação: o consumidor, o prescritor, o vendedor, o fabricante e a publicidade.
Seguidamente aparecem referenciados os riscos da automedicação enquanto “solução imediata”. Faremos também uma breve referência à venda livre de medicamentos. Por último, uma referência aos riscos eminentes a que todo o sistema de saúde (que também passa por todos nós) está sujeito; incluem-se aqui alguns aspectos que consideramos positivos na automedicação, mas apenas quando esta ocorre de uma forma responsável e conscienciosa, abdicando sempre de “interesses pessoais”, visando apenas a saúde individual enquanto cidadãos que somos, assim como promover a saúde pública e a própria “saúde” do Sistema Nacional de Saúde.
Finalizamos com um ponto que nos parece essencial em todo este processo e que, muitas vezes, é relegado para segundo plano – a legislação nacional e europeia. Aqui faremos referência ao novo enquadramento jurídico, às comissões especializadas para a automedicação, à legislação para medicamentos não sujeitos a receita médica, à legislação sobre a publicidade do medicamento, ao Código Deontológico e à legislação europeia.
Na conclusão deste trabalho far-se-á uma análise geral do problema da automedicação e tudo o que ela envolve.

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