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Férias grandes e tempo de qualidade com os filhos

2018
jvalerio@netcabo.pt
Psicóloga clínica
Publicado no Psicologia.pt a: 2018-07-16

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Férias grandes e tempo de qualidade com os filhos

Terminado o ano letivo e concluída a jornada de estudo, testes e trabalhos escolares levada a cabo durante meses a fio, estão aí as merecidas férias de Verão!

Mas e agora, como podem as crianças aproveitar da melhor maneira estes três meses em que não vão à escola?

Esta é uma pergunta que inquieta muitos pais que se preocupam em proporcionar aos seus filhos um período de diversão e de qualidade, ou até mesmo aquelas férias inesquecíveis, na Disneylandia, ou naquele destino exótico de praia ou até mesmo naquela colónia de férias fantástica.

Todas estas opções são válidas mas não necessariamente as que vão marcar a diferença na vida da criança, pois mais importante que o valor financeiro despendido, são as experiências afetivas que são proporcionadas e que vão gerar memórias positivas, sentimentos de pertença e de bem-estar.

Nas férias, pais e filhos têm a oportunidade de passar mais tempo juntos e de desfrutar da companhia uns dos outros, o que é importante não só para reforçar os laços afetivos mas também a qualidade da comunicação. Esta será tanto melhor quanto mais facilitador for o ambiente familiar no que respeita à comunicação da criança para abordar qualquer tipo de assunto com os pais e quanto mais empenhados estes estiverem em escutar ativamente os seus filhos e em estimular a sua expressão de pensamentos e sentimentos.

Nas férias, o planeamento de atividades deverá implicar a participação dos filhos, na medida em que dessa forma os pais estão a envolvê-los nas tomadas de decisão e a transmitir-lhes implicitamente a mensagem que as suas sugestões são ouvidas e consideradas, mesmo que nem sempre possam ser concretizadas. A imposição dos pais, que “obrigam” os filhos a estar em determinado sítio ou a realizar certa atividade, contra a sua vontade, pode ser geradora de conflitos, ansiedade e stress.

Tal como os adultos, as crianças também necessitam do seu próprio espaço, pelo que é natural que, ocasionalmente, optem por não acompanhar os pais em determinado programa porque preferem ficar a realizar uma outra atividade ou na companhia de outras crianças da sua idade. Aqui importa encontrar uma situação de equilíbrio familiar, na qual a criança é respeitada na sua autonomia e vontade própria, dentro daquilo que é considerado razoável, sem haver prejuízo nas ligações afetivas entre pais e filhos.

As férias são a altura ideal para quebrar a rotina e dar a conhecer às crianças outras realidades que, ao longo do ano, muitas vezes por falta de tempo, não estão acessíveis. Promover o contacto das crianças com o cinema, a música, a dança, os museus e os livros é uma forma de sensibilizá-las para as artes e para o gosto em relação a esses universos. A verdade é que, durante as férias, as crianças também podem aprender muito, e de forma lúdica e divertida, desenvolvendo a sua criatividade, conhecimentos e competências sociais através das brincadeiras com outras crianças nas quais aprendem a seguir regras, a contestar, a respeitar e a desenvolver autonomia.

Quando os pais não têm possibilidade de passar férias com os seus filhos, poderão ser ponderadas outras hipóteses como a estadia numa colónia de férias ou na casa de um familiar próximo, que proporcionem experiências de convívio com novas pessoas ou familiares. Não obstante, estas opções não deverão ser impostas à criança que deverá ter a oportunidade para escolher. 

Independentemente das atividades escolhidas, importa acima de tudo a disponibilidade dos pais para estarem atentos às necessidades emocionais das crianças e o seu envolvimento na relação com elas. São estes momentos de convívio familiar e de proximidade afetiva que se vão constituir como memórias positivas extremamente importantes no desenvolvimento da criança e que a vão acompanhar ao longo da vida.

E já agora, umas ótimas férias com os seus filhos!!

Joana Valério

Joana Valério é Psicóloga, Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos e especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Especialista em Psicologia da Educação. Possui licenciatura e mestrado em Psicologia (área de especialização de Psicologia Clínica) pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA). Realizou formação em Psicoterapia Psicanalítica pela Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica e é Formadora Certificada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Desenvolveu atividade clínica no Serviço de Psicologia e na Equipa de Almada (consulta externa e internamento) do Hospital Psiquiátrico Miguel Bombarda, ao nível da avaliação psicológica e psicoterapia. Exerceu atividade como formadora e, desde 2012, é técnica do Centro de Recursos para a Inclusão da Cerci, integrada no projeto de parceria com os agrupamentos de escolas locais, onde presta acompanhamento psicológico e psicopedagógico aos alunos referenciados com necessidades educativas especiais. Exerce clínica privada e, desde Março de 2016, integra a Equipa da ClaraMente, Serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia, que visa a promoção da saúde mental e da qualidade de vida daqueles que a procuram.

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