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Pensamentos que não nos largam…

2018
joana_s.j_rodrigues@hotmail.com
Psicóloga clínica
Publicado no Psicologia.pt a: 2018-02-18

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Pensamentos que não nos largam…

- "Acho que estou a enlouquecer... há pensamentos absurdos que chegam até mim, sem eu fazer nada, e são horríveis! Tenho medo de perder o controlo e fazer algo de mau..."

Esta frase poderia ser de uma de várias pessoas que lutam diariamente contra os seus pensamentos.

Estes pensamentos/imagens que vêm à cabeça de uma forma incontrolável, são chamados de pensamentos obsessivos e, numa intensidade maior ou menor, todos nós já alguma vez tivemos na nossa vida. Durante períodos em que passamos por um estado emocional mais alterado esses pensamentos obsessivos podem estar mais tempo presentes e aumentarem de intensidade. Contudo, quando esses pensamentos condicionam a nossa vida e fazem diminuir a nossa qualidade de vida é essencial procurar apoio profissional.

Estes pensamentos, imagens ou impulsos, surgem de forma intrusiva, sem se saber como nem porquê, e apesar de muitos esforços, eles não desaparecem, são pensamentos que se intrometem indesejavelmente na nossa consciência, aparecem de maneira insistente e repetitiva e a estranheza dos seus conteúdos, origina um elevado desconforto, preocupação e mal-estar.

Estes pensamentos para além de serem absurdos, podem ser mais incómodos e preocupantes, pelo medo de perder o controlo e ter algum eventual impulso de se fazer mal a si ou aos outros, como por exemplo, saltar da janela, ou ferir pessoas. Alguns destes pensamentos ainda podem ser mais bizarros, assustando muito as pessoas.

A preocupação e o mal-estar que estes pensamentos criam, faz com que por vezes se viva à volta destes pensamentos, o que cria um grande cansaço e desgaste. Quando temos esses pensamentos, a nossa energia concentra-se neles e quanto mais pensamos, mais presentes eles se vão tornando.

Ficam aqui algumas sugestões que podem ajudar a lidar e a gerir o mal-estar que os pensamentos obsessivos vão criando:

  • Relaxar. Estes pensamentos intrusivos criam ansiedade e preocupação, por isso, é necessário ter um tempo para relaxar e procurar sentir algum tranquilidade em algum momento do dia. Quando sentir que um pensamento desse tipo invade a sua mente, não lute contra ele, tente apenas respirar profundamente e concentrar-se na sua respiração. Quanto mais os tentamos evitar, mais presentes e fortes eles se vão tornando.

  • Divertir-se. Faça uma lista de actividades que lhe criem prazer e satisfação. Tente fazer todos os dias alguma dessas actividades (Por exemplo: ouvir música, ler um livro, contemplar o mar, meditar, fazer uma actividade física). Assim, a mente mantém-se ocupada com coisas positivas.

  • Aceitar que não podemos controlar tudo, nomeadamente os nossos pensamentos; contudo podemos mudar a forma como lidamos e como gerimos essas situações.

  • Procurar apoio profissional para um tratamento adequado.

  

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

 

Joana de São João Rodrigues

Joana de São João Rodrigues é Psicóloga, Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos e especialista em Psicologia Clínica e da Saúde. Possui licenciatura e mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. É Pós-Graduada em Educação Social e Intervenção Comunitária e Membro Associado da Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva. É Formadora Certificada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua. Desenvolveu actividade clínica de apoio a doentes com doença oncológica e seus familiares no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil do Centro Regional de Oncologia de Lisboa, no Serviço da Clínica da Dor. Deu apoio psicológico às famílias e crianças com cardiopatias congénitas internadas no Hospital Vall d'Hebron para cirurgia através da Associació d'ajuda als Afectats de Cardiopaties Infantils de Catalunya (Associação de ajuda aos Afectados por Cardiopatias Infantis da Catalunha), em Barcelona. Desenvolveu actividade de apoio às necessidades das mulheres vítimas de violência doméstica/abuso sexual, pela Associação de Mulheres Contra a Violência, em Lisboa. Esteve integrada em diversos projectos de Cooperação Internacional, onde deu formação na área da promoção da saúde em Angola e Guiné-Bissau e foi técnica de cuidados continuados integrados de saúde mental na Associação para o Estudo e Integração Psicossocial, em Lisboa. Desde 2011 exerce clínica privada com jovens, adultos e seniores e desde Março de 2016 que integra a Equipa da ClaraMente - Serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia, com o objectivo de promover a saúde mental e a qualidade de vida, disponibilizando serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia em consultório em Lisboa e Caldas da Rainha. Desde Abril de 2019 que trabalha no Hospital Lusíadas em Lisboa, nas Unidades de Tratamento de Dor e Oncologia.

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