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Viver com uma doença crónica

2018
joana_s.j_rodrigues@hotmail.com
Psicóloga clínica
Publicado no Psicologia.pt a: 2018-03-25

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Viver com uma doença crónica

A doença crónica é definida por ser uma doença que persiste por um longo período e não se resolve num curto espaço de tempo. Há centenas de doenças crónicas conhecidas, e cada uma afecta o corpo de forma diferente. Alguns exemplos de doenças crónicas são: diabetes, doença de Alzheimer, hipertensão, asma, sida, cancro e doenças autoimunes.

As doenças crónicas podem acompanhar durante muito tempo a vida de uma pessoa ou toda a sua vida e, neste último caso, não há cura, apenas tratamentos periódicos, tornando-se assim numa ameaça ao bem-estar e à qualidade de vida. Existem as que são potencialmente ameaçadoras à vida, e as que não apresentam risco mas podem ter o potencial de serem fisicamente debilitantes. Além da parte física, as doenças crónicas também apresentam efeitos emocionais e psicológicos que podem ser devastadores e até influenciarem o processo de tratamento. Naturalmente, as doenças crónicas provocam mudanças na vida da pessoa, para além dos condicionamentos do dia-a-dia, obrigam a tomadas de decisões e à exploração de novos caminhos desconhecidos até então.

Cada doença tem as suas especificidades, seja o número de horas que a pessoa tem de passar em serviços de saúde, as alterações na alimentação, o tempo recomendado de descanso, a possível ausência do trabalho, menos rendimento, modificações nos papéis sociais, alteração de hábitos, dependências e interdependências de outras pessoas. Nas situações em que a pessoa precisa de alguém para se deslocar ou para realizar alguma atividade do quotidiano, as dificuldades emocionais da gestão da doença tendem a piorar.

Perante esta situação, existem algumas questões fundamentais, que ajudam a uma maior aceitação da doença e a uma maior procura de alternativas que aumentam o bem-estar apesar da doença:

  • Aprender o máximo que puder sobre a doença – Quanta mais informação se tiver, melhor se lida com os sintomas e tratamentos.

  • Procurar um médico com o qual se identifique e procurar fazer todas as questões que tiver e tomar as decisões sobre os tratamentos com o médico, e seguir o tratamento de forma adequada.

  • Juntar-se a um grupo de apoio e assim perceber que não está sozinho com a doença e que há várias pessoas na mesma situação. Pode receber informações de outras pessoas que vivem com a doença há mais tempo.

  • Manter um exercício físico regular adequado à sua situação clínica, um dieta equilibrada e cuidados preventivos, além do tratamento clínico.

  • Manter-se activo socialmente, permitindo a aproximação de familiares e amigos, e participar em actividades que promovam o bem-estar psicológico.

  • Reconhecer e aceitar que, durante o tratamento, poderão haver dias bons e maus.

  • Lembrar-se sempre que as pessoas são muito mais do que a sua doença. Pode ter uma doença crónica, mas isso é uma parte da sua pessoa. Além disso também é um pai fantástico, um melhor amigo de alguém, uma mãe dedicada, um avô carinhoso, um excelente profissional, …

  • Procurar apoio psicoterapêutico pode ajudar, mesmo quando se sente que tem bom suporte familiar e de amigos, a ajuda de um profissional de saúde mental pode ser necessária e também é muitas vezes aconselhável para os membros da família que lidam com a doença de um ente querido.

 

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

 

Joana de São João Rodrigues

Joana de São João Rodrigues é Psicóloga, Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos e especialista em Psicologia Clínica e da Saúde. Possui licenciatura e mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. É Pós-Graduada em Educação Social e Intervenção Comunitária e Membro Associado da Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva. É Formadora Certificada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua. Desenvolveu actividade clínica de apoio a doentes com doença oncológica e seus familiares no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil do Centro Regional de Oncologia de Lisboa, no Serviço da Clínica da Dor. Deu apoio psicológico às famílias e crianças com cardiopatias congénitas internadas no Hospital Vall d'Hebron para cirurgia através da Associació d'ajuda als Afectats de Cardiopaties Infantils de Catalunya (Associação de ajuda aos Afectados por Cardiopatias Infantis da Catalunha), em Barcelona. Desenvolveu actividade de apoio às necessidades das mulheres vítimas de violência doméstica/abuso sexual, pela Associação de Mulheres Contra a Violência, em Lisboa. Esteve integrada em diversos projectos de Cooperação Internacional, onde deu formação na área da promoção da saúde em Angola e Guiné-Bissau e foi técnica de cuidados continuados integrados de saúde mental na Associação para o Estudo e Integração Psicossocial, em Lisboa. Desde 2011 exerce clínica privada com jovens, adultos e seniores e desde Março de 2016 que integra a Equipa da ClaraMente - Serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia, com o objectivo de promover a saúde mental e a qualidade de vida, disponibilizando serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia em consultório em Lisboa e Caldas da Rainha. Desde Abril de 2019 que trabalha no Hospital Lusíadas em Lisboa, nas Unidades de Tratamento de Dor e Oncologia.

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