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Angustiolítico genérico e natural

2018
pvpassos@gmail.com
Psicólogo clínico (ACES do Cávado I – Centro de Saúde de Braga, Portugal)

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Angustiolítico genérico e natural

Era uma vez …!!!

Era uma vez um homem com um pouco mais de 20 anos de idade, vivente na plenitude da sua existência.

Era um homem simples e humilde, como se diz nas convenientes, desentendidas e diferenciadoras linguagens sociais, quando se quer diminuir uns para salientar outros, incluindo o próprio palrador.

Certo era, contudo, e a propósito, que esse homem era o portador do desígnio da elegância e beleza masculinas.

Enfeitiçava o ambiente com a sua passagem.

Enfeitiçava o feitiço.

A expressão que lhe advinha do rosto trespassava o condão da magia, com a facilidade da luz.

Trazia os gestos impregnados da majestosa riqueza de mobilidade, que somente a leveza da masculinidade de deuses poderá exibir.

 É o homem.

Era a materialização da beleza, da candura, da tez exacta em perfeição de traços, num rosto de equilíbrio escultural, raiando o chamamento do brilho que circulava ao seu redor.

Atraía o que era radiante.

Trazia em si a angélica melodia que soa e ressoa na musicalidade do divino e do terreno.

Era a expansão dos desejos e das aspirações.

Era a sintonia entre o simples e do belo.

Movia-se numa aura de conjugações e elementos ricamente ordenados e implementados pela elegância.

Era o homem exclusivo da beleza e eleito da galhardia.

A tonalidade da sua genuína existência era a tonalidade da pureza, da cristalinidade, abrindo-se caminhos de cores e de odores, perfumados pela sua aproximação, por onde se circundasse.

As vias eram por ele perfumadas, o ar era por ele purificado, o chão era a aconchegante nuvem que acariciava com a gentileza dos pés.

Pés de uma beleza infinita, de uma beleza estatual.

Pés que o ligavam à Terra, sem que o desligassem do Céu.

Dele advinham todas as manifestações do belo, do perfeito, do equilíbrio, da harmonia.

Era a aura da pureza e beleza, ..., era o mais puro cristal, feito homem!

Debitava o auge da categorização, através da simplicidade de tudo o que é apolíneo, como só a frugalidade o pode fazer.

A beleza e hombridade que dele jorravam, advinham-lhe dos genes, na vida que deu vida. Eram ele!

Era ele, feito de humilde venustidade. 

 Tinha, contudo, um conceito de si, antagónico ao que lhe transbordava e lhe era de mérito.

Certo é que, adiante-se, nunca ou raramente, a modéstia, a elegância e a beleza andam juntas, a não ser nas esferas do Olimpo, seguramente o local de proveniência desse homem.

Achava-se, em ritmo quotidiano, uma menos-valia perante outrem, achava-se retraído, inibido, inseguro, impedia-se do seu genuíno direito, vivendo no meio do sentimento do frio desamparo e da isolada descoloração.

Sentia-os sem cor, os passos que dava e a respiração que o mantinha vivo!

Mas ele, tendo-a, não conhecia a cor.

Estava em revolta silenciada, sem o debitar em verbo audível, por cravada falta de materialização de igualdades e de consciência de profundas injustiças tatuadas.

Uma consequência evidente e indubitável das castradas e pérfidas regras e valores de conduta e organização populares e sociais.

Nunca, jamais, algum miserável estilhaço desses corrosivos valores e regras, conseguirão atingir a proximidade da riqueza e da nobre constituição de carácter que, naturalmente, por ele era debitado ao existir.

Radiava, só a lembrança do nome…não era precisa a presença.

Mas o desamparo estava plasmado.

Sim, estava, mas sem o ter conseguido derrubar.

Como se derruba o belo?

Como se derruba o sol?

Como se derruba este homem?

Por vezes cabisbaixo, procurava, procurava-se, mas já se tendo, contudo, sem o saber.

Sempre foi o seu autor.

Mas era o desamparo, que o tentava moldar.

Infeliz desamparo que se condenou por tanto insucesso.

Como se molda um raio de luz?

Esse homem trouxe para a Terra o poder da inspiração, com a simplicidade e a nobreza do seu encanto de carácter.

Não só do carácter.

Não, não só!

Trouxe para a Terra o poder da felicidade em belo, em justo, em equidade e em liberdade.

Só o belo e simples podem ser livres. 

Era a liberdade em corpo, a majestosa liberdade vivida no formato de homem.

A majestosa justiça vivida no formato de homem.

A majestosa beleza vivida no formato de homem.

Bebeu o ar adiamantado e alimentador dos supremos do Olimpo.

Sentiu que o amor lhe aurava a essência.

Deixou que Cupido lhe aliviasse a compressão na alma.

Autorizou ser alvo da sua seta.

Foi picado pela vida.

Sangrou paixão.

Sangrou amor.

Fez sangrar paixão.

Fez sangrar amor.

Jorrou-se em vida.

 Vida que só o corpo sabia, carregando a leveza subtil da beleza. 

Vida que a alma ainda sonhava, mas não brilhava.

Vingou, numa rampa íngreme e quente, num olhar cruzado, num ímpeto aconchego do olhar da sua essência.

Pernoitou na confabulação e na incerteza.

Pernoitou também na ânsia do expectante desejo e satisfação. 

Deixou-se ir.  

Deixou-se lamber pela quente e densa aragem.

Foi recebido pelo amor.

Amor transformado em vida.

Floriu o que já era flor.

Era um homem perdido, sem o estar.

É um homem amado e encontrado.

Verticalizou a sua, já, verticalidade. 

Honrou, honra e honrará, como apenas os eleitos podem, nos jeitos das poesias.

Era uma vez …!!!    

Era uma vez um homem com um quarto de século de idade, na eterna plenitude da sua existência…

Homem exaustivamente belo, feliz e atraente de todas as mais-valias e qualificações da justiça, da liberdade, da igualdade e com uma rara expressão de competência, para as esferas mais delicadas da convivência – a serenidade da naturalidade e da sinceridade.

Trás em si a corporalização estética da galantaria, num sabor a ética.

 É um filho da Honra.

É um filho da Justiça.

É um filho da Liberdade.

É amante da Paixão e do Amor.

É amado. É. É amado.

Amor com efeito de vida…

…um natural angustiolítico e um potente anti-rugas.