Agonias da saúde mental pública
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Psicólogo clínico (ACES do Cávado I – Centro de Saúde de Braga, Portugal)
Criança escandinava brinca e, mais tarde, acarinha, lê e deleita-se, serenamente, com o livro …! Vive.
Criança portuguesa exalta-se (por acumulação de material ansiogénico e depressivo), berra, faz barulho e, mais tarde, vê o livro, empolgadamente, como uma acendalha …! Sobrevive (mais tarde, agarrada às inoperâncias, ansiolíticos e anti-depressivos).
That´s all folks …!
Texto direcionado, em laia de missiva punitiva (de utilidade, eventualmente, pública), aos executantes das práticas governativas (e vizinhanças) …!
Senhoras e Senhores políticos (partidariamente e desses que têm invadido e sufocado este pobre lugar luso, ao longo de tantos e irrecuperáveis anos).
Senhoras e Senhores (a)partidários políticos (gordos e magros, directores, coordenadores, afins e aspirantes suspirantes por uma qualquer nomeação - real ou inventada).
Ou sem “Senhoras e Senhores”, para roupar no elegante justo.
Quando não se sabe … não se faz …! E muito menos numa casa que se diz colectiva, numa casa sem donos, mas com proprietários: o POVO que, para os esquecidos, somos TODOS E TODAS, sem diferenciação.
Narrativas / Vivências.
História narrada / história vivida.
Currículo narrado / currículo vivido.
Inúmeras narrativas (inventadas) a decorar páginas e páginas, momentos e momentos, de autos-de-auto-bem-dizer, de auto-aplausos, de intentos de gratificação egóica …!
Empty …!
Carácteres vazios de honra …!
Full …!
Carácteres repletos de moléstia …!
Senhoras e Senhores políticos (afins e aspirantes) …
Pensais vós que estais a executar uma grande proeza pública!?
Estou crente que não.
Crente que pensais que estais a executar uma grande proeza interesseiramente subjectiva e particular … em currículo vivido, diferindo, em absoluto, do currículo relatado.
A vossa herança governativa nunca é boa, nos vossos invariáveis dizeres.
Contudo, têm dado colossais demonstração que, sucessivamente, conseguem sempre fazer o que se pensava, já, inexequível: logo que podem, adoptam e agravam essas mesmas ritualizações, por vezes tão macabras.
Quando andam de rédea curta, alguns descaramentos executivos são refreados ou à espera de “melhores dias”.
Mas vejamos o que importa, para que um país de desenvolva e enriqueça de valores e suas materializações … tão em falta: IGUALDADE, LIBERDADE e JUSTIÇA (a Justa, está de se ver …!).
Igualdade, Liberdade e Justiça assumem os lugares de determinação para o exercício evolutivo das matrizes afectivas, constructos essenciais ao salutar e desejável desenvolvimento individual, gregário, comunitário e ambiental.
Não há justiça, liberdade nem igualdade, quando há incerteza da existência da refeição seguinte (… até para as crias …).
Não há justiça, liberdade e igualdade com barrigas vazias, vozes afogadas e mentes manipuladas.
Mas …
Mas… acresço-vos: trabalho, sobretudo, com e sobre as vidas, apoquentações, violentações e demais assuntos da infância e latência (na puberdade e na adolescência… já pode ser tarde …!) e, seguro da vossa ignorância sobre este assunto (entre outros), obrigo-me a esclarecer alguns dos aspetos vitais para o justo e adequado desenvolvimento (da criança) e, consequentemente, para a salutar evolução dos sistemas populares.
À criança, a espera para viver, não pode continuar a ser a regra.
Para se ser criança não pode haver outra espera, que não a que se incute nos padrões de construção da personalidade; a que promove a transição gradual do princípio do prazer imediato para o princípio da realidade; a que é inerente ao desenvolvimento, este, enquanto meio de conjugação de gratificações e de frustrações (nas dosagens devidas e equilibradas).
Não pode haver (e não há) lista de espera para se ser criança.
Se espera para o ser, ADOECE.
Não há lista de espera para parir.
Não há lista de espera para nascer.
EXISTIR é um continuado acto que se deve impor e, por vossa culpa e incompetência, tão amiúde, ainda não acontece no cenário da igualdade.
PARIR é um acto que se impõe.
NASCER é um acto que se impõe.
EXISTIR é um acto que se impõe.
Contudo …
Ao som da marcha da angústia se têm erguido os estandartes do desenvolvimento e do existir (em criança), neste país orgulhoso dos seus dúbios relatos e alheio aos seus responsáveis direitos.
A harmonia ambiental; a coerência e uniformidade dos espaços relacionais; a vivência continuada de serenidade do afecto; o propósito emocional; a segurança; a espontaneidade; a integração e adaptação; a estimulação das motivações; a protecção para a liberdade e autonomia; a qualificação das expectativas; a disponibilidade à partilha; o curso do egocentrismo para a noção de tarefa; o comunitarismo; a igualdade e a oportunidade; o objecto/outro como fonte de desenvolvimento … enfim, as atitudes subjacentes e inerentes à evolução (na criança), estão perigosamente feridas, pelas constantes atribuições de ruína, culpa e de castração a que a população é alvo, com instalação de desconfiança, insegurança, dúvida, ausência de sã projecção futura (com sobrecarga de desespero), através da difusão de responsabilidades (sacudir a água do próprio capote), das desfavorecidas e discriminatórias oferendas, com que os sucessivos governos (e ramificações) têm presenteado o grosso da população.
Responsabilidades pela doença mental pública, quase epidémica?
Sim, existem rostos e devem ser atribuídas às sucessões governativas.
O POVO não elege. O POVO é votante, mas não é votante de eleição.
Há patologia, quase generalizada, no exercício da VONTADE.
Como se elege com a VONTADE doente?
Faz-se a CRUZ (X) … vota-se …!
Sem outras nosografias ou acrescidos outros pacotes patológicos, igualmente existentes…!... Mas, considerando, tão só, os manifestos ansiosos e/ou depressivos, consequentes destes factores desencadeantes …! Transformados em contextos, quase epidémicos nas actualidades (passadas, presentes e, desgraçadamente, quase certo, futuras) do país, constructores de maleitas, numa simples ORDEM (social das coisas):
- Óbito do Justo
- Direito obscuro e desigual
- Descréditos
- Desamparos e amarras
- Desesperos
- Familiarização dos desesperos
- Família ansiosa e/ou deprimida
- Criança ansiosa e/ou deprimida
- Ausência de saúde
- Doença
- Condicionamento à doença
- Cronicidade
- Passado enfermo
- Presente e Futuro comprometidos
- Medo, mendicidade e obediência
- Acrítica
- Repetição do ciclo
- Resignação, desistência e perpetuação
(Na pior das hipóteses … com um defunto sorriso no rosto …!)
… ENTENDIDO?
Mas … continua tudo agarrado à doutrina, à portugalite …!
Quem paga, objectivamente, os danos e os abusos?
Quem paga aos acusados sem presente e sem futuro?
Onde está a responsabilidade institucional e política?
Por onde anda a SAÚDE DO CARÁCTER?
Esta portugalite, esta contagiosa doença institucional e política, reflecte-se, evidentemente, na criança e abafa as possibilidades e o direito a um adequado desenvolvimento e crescimento.
Esta portugalite, esta doença institucional e política, refreia a tão necessária noção de aspiração e inibe o inegável direito à implicação decisória na própria existência (convém fabricar acríticos mansos, é?).
Criaturas “governantes”, o desastre social das vossas actuações (sucessivas) é de um tal colosso que, no que se refere à criança (sempre sujeita às viabilidades familiares e dos tratantes), muito já está na versão da irreversibilidade.
Urge que parem de tentar pensar e fingir que fazem.
Deixem essa tarefa para quem sabe e é competente.
Estão dadas, mais que provas, da vossa incompetência.
Estão, demonstradamente, condenados ao eterno insucesso.
PENSAR não é para todos. Se é para brincar, brinquem nas vossas casas, que não se chama Portugal (ou qualquer outro de semelhança funcional, diga-se em extrapolada expansão).
Uns e umas (criaturas governativas, directivas e vizinhanças), avaros de poder e sôfregos por DINHEIRO; outros e outras inseparáveis da falsa competência e ácida moralidade, tanto têm promovido e instalado elevados e graves níveis de desigualdade e instabilidade afectiva, com mórbidas vivências de desajuste em inúmeras famílias, cujo impacto, obviamente, cai e recai no desenvolvimento da criança, digo, no patológico desenvolvimento da criança.
Desempreguem-se (desses tão concorridos e aspirados cargos), criaturas governativas, directivas e afins e levem convosco tudo o que está a parasitar este pobre e desbotado lugar luso, sedento (quem sabe até merecedor) de um povoamento de crianças que brinquem e, mais tarde, acarinhem, leiam e se deleitem, serenamente, com o livro …!
Para quando … desagoniar a Saúde Mental Pública?
Para quando … crianças que não irão confundir o livro com uma acendalha?