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Lidar com a ´e – Geração´

2008
jmbguerra@gmail.com
Licenciado em Psicologia com especialização nas Organizações e no Trabalho. Consultor em Desenvolvimento Pessoal e Organizacional. Formador nas Áreas Comportamentais em regime presencial e à distância. Colaborador de várias empresas em diversos projectos, nomeadamente ao nível PME, InPME e no desenvolvimento de cursos para formato e-learning.

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Lidar com a ´e – Geração´

 

Era inevitável abordar este tema, uma vez que o “confronto” de gerações é por demais evidente e por vezes a discrepância e o “choque” de ideias deixa antever que é necessário um novo modelo comportamental para podermos lidar com a nova geração chamada de “e - Geração“ ou “Geração Net”, entenda-se, aqueles que nasceram já em plenos anos 80. Esta geração caracteriza-se por sua vez por uma nova forma de ser e estar, com padrões educacionais, valores e ideologias bem diferentes da geração que a antecedeu, a denominada “Geração X” dos 60 e 70 e mais acentuada ainda em relação à “Geração Boom” dos finais dos anos 40, princípios dos anos 50.

Estamos a falar de uma geração que já nasceu na sua maior parte em plena era das novas tecnologias da informação e comunicação onde o acesso ao conhecimento é de longe superior quando comparado com as gerações anteriores, com efeitos bem notórios na forma e na rapidez de aprendizagem, no domínio da nano tecnologia, etc., requisitos estes sem dúvida necessários e adequados aos tempos de mudança contemporâneos. Esta geração faz parte da sociedade do conhecimento e está plenamente integrada nesta, estando capacitada e perfeitamente familiarizada com a era digital tanto na esfera pessoal como profissional. Para eles não existe a era das Novas Tecnologias porque já nasceram nela.

Por outro lado e sem querer ferir susceptibilidades ou atribuir qualquer conotação negativa, estamos perante uma faixa etária que cresceu na sua maior parte sob a égide da gratificação imediata, do egocentrismo e da arrogância. É também a geração que mais tempo demora a autonomizar-se quer do ponto de vista familiar quer profissional, pois é também aquela que mais é afectada pelo desemprego estrutural, que possui também na sua grande maioria já um curso superior, não fala a “linguagem” dos pais e comunica por SMS e e-mail. É a geração dos blogs, do messenger e dos telemóveis 3G.

A questão que se coloca é a seguinte: Será que a “geração net” conseguirá gerir eficazmente a dupla razão emoção ao nível das relações interpessoais e nas situações de adversidade quando comparada com a geração anterior? Será que as gerações antecedentes conseguirão lidar com este novo tipo de comportamento? Será que o compreendem? Em que isso afectará as relações entre as gerações anteriores? E no mundo dos negócios e nas organizações? Será que estaremos habilitados a lidar com as diferenças? Quais serão as consequências?

Para percebermos um pouco estas questões, teremos que atender ao nível de expectativas dos progenitores da e- geração pertencentes à geração Boom e X que projectam nesta actual geração os desejos e aspirações pessoais e profissionais que não tiveram na sua altura e que a partir de meados dos anos 70 quer por questões financeiras, políticas ou sociais mais favoráveis viram então essa oportunidade de os concretizar.

Por isso esta nova geração tem expectativas muito elevadas, está muito mais exigente e intolerante e não sabe ouvir a palavra não! Isto poderá trazer a longo prazo graves problemas sociais se não houver uma transmissão adequada de valores de base, como a humildade, a justiça, o respeito pelo próximo, a perseverança e a valorização do trabalho. A cultura do “facilitismo” deverá dar lugar a uma cultura de responsabilização.

Também me parece essencial, nas organizações, criar mecanismos de reconhecimento e incentivo constantes a toda esta geração e valorizar a capacidade de iniciativa deste novo capital intelectual, fomentando o sentimento de responsabilidade e autonomia no âmbito da suas funções. Esta geração está mais autónoma e não gosta que lhes digam o que fazer, porém deverão ser exigidos resultados e fomentar o trabalho em equipa premiando os resultados colectivos por forma a valorizar a partilha de recursos. Obviamente que isto exige uma capacidade de liderança substancialmente diferente daquilo que se praticava há alguns anos atrás nas organizações e que ainda se pratica nalgumas situações, ou seja, o estilo de liderança autocrático deverá dar lugar ao estilo situacional, transformacional ou transaccional.

Por outro lado, as gerações anteriores deverão dominar as novas tecnologias para melhor comunicarem com a actual geração, devendo também aprender como é que esta geração comunica e compreender o que ela valoriza mais. Talvez só assim possamos vir a estabelecer pontes comunicacionais mais efectivas entre as diferentes gerações, aproximando-as, partilhando conhecimento, experiências, aprendizagens, etc. que trará por certo vantagens quer ao nível comunitário, na responsabilidade social e empresarial quer no âmbito relacional ou ainda pelo ganho em produtividade e competitividade.

http://jguerra.com.sapo.pt