O mais importante: hereditariedade ou meio?
Moderador: César
O mais importante: hereditariedade ou meio?
Olá a todos.
Já ouvi algumas pessoas dizerem que a hereditariedade é mais importante que o meio; enquanto outros referem que o meio é mais determinante.. depois ainda há aqueles que dizem que estão equilibrados...
O que acham, vocÊs?
Já ouvi algumas pessoas dizerem que a hereditariedade é mais importante que o meio; enquanto outros referem que o meio é mais determinante.. depois ainda há aqueles que dizem que estão equilibrados...
O que acham, vocÊs?
O homem solitário ou é uma besta ou é um Deus. (Aristóteles)
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A questão não deve ser colocada em termos de qual é mais importante mas sim em termos da dinâmica entre ambos. Ou seja: como é que a hereditariedade se desenvolve no meio?
Dou um exemplo. Há predisposição genética para se desenvolver uma determinada doença, mas nuns casos, na relação com o meio, a mesma desenvolve-se e noutros casos não. Que factores do meio contribuem para o desenvolvimento ou não de uma determinada hereditariedade?
Parece-me que a questão assim colocada faz mais sentido, pois não podemos separar ambas na sua importância.
Cristina Silva
Dou um exemplo. Há predisposição genética para se desenvolver uma determinada doença, mas nuns casos, na relação com o meio, a mesma desenvolve-se e noutros casos não. Que factores do meio contribuem para o desenvolvimento ou não de uma determinada hereditariedade?
Parece-me que a questão assim colocada faz mais sentido, pois não podemos separar ambas na sua importância.
Cristina Silva
Já vi que nao me fiz entender...
pode parecer uma pergunta parva, mas por exemplo no outro dia dois psicologos , num programa televisivo, discutiam sobre este aspecto:
uma criança é deliquente. Um deles dizia que tudo isso provém do meio em que está inserido, outro diziia que provavelmente se devia a factores hereditários, visto os pais serem toxicodependentes.
era uma opinião deste tipo que perguntava. já sei que cada caso é um caso mas, em geral, acham que este tipo de problemas é mais fortemente influenciado pelo meio em que se está inserido, ou pela hereditariedade.
pode parecer uma pergunta parva, mas por exemplo no outro dia dois psicologos , num programa televisivo, discutiam sobre este aspecto:
uma criança é deliquente. Um deles dizia que tudo isso provém do meio em que está inserido, outro diziia que provavelmente se devia a factores hereditários, visto os pais serem toxicodependentes.

O homem solitário ou é uma besta ou é um Deus. (Aristóteles)
Dificilmente chegar-se-á a um consenso. Se tivermos em conta as guerras que existem entre as ciências exactas (como por exemplo, a Medicina e a Biologia) e as ciências humanas e sociais (como por exemplo, a Sociologia e a Antropologia) entendemos a verdadeira dimensão desta questão. Mas se diminuirmos o espectro de reflexão, para o campo da Psicologia, não precisamos de pensar muito para constatar as disputas, a título de exemplo, entre os modelos Behavioristas e Cognitivistas.
Deste modo, a opinião que tenho sobre a dicotomia meio/hereditariedade é que está já um pouco "ultrapassada", porque me parece explícita a sua junção, mas isto deve-se em muito ao meu "desinteresse". Entretanto surgiram as características idiossincráticas.
Deste modo, a opinião que tenho sobre a dicotomia meio/hereditariedade é que está já um pouco "ultrapassada", porque me parece explícita a sua junção, mas isto deve-se em muito ao meu "desinteresse". Entretanto surgiram as características idiossincráticas.
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Essa de se ser delinquente por factores hereditários, no caso considerar-se hereditariedade a toxicodependência, deixa muito a desejar.
Eu sou mais pela influência do meio, nomeadamente a influência das relações. Para mim, é na relação que a Pessoa se torna! Se estrutura, se personaliza.
Cristina Silva
Eu sou mais pela influência do meio, nomeadamente a influência das relações. Para mim, é na relação que a Pessoa se torna! Se estrutura, se personaliza.
Cristina Silva
Última edição por Cristina Silva em sexta mai 30, 2008 8:18 pm, editado 1 vez no total.
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Eu diria que uma personalidade dependente tem propensão a comportamentos aditivos. Para mim, o problema da adição é a personalidade dependente.
Como é que se estruturou essa personalidade? Mesmo que geneticamente a pessoa estivesse predestinada a uma propensão aditiva, tal podia ser modificado ou incentivado conforme a influência do meio, nomeadamente das relações.
Ou seja, mesmo que haja o gene da dependência, isso não significa determinação, pois o meio influência o percurso, sem dúvida alguma. Ou seja, o meio (que engloba muita coisa) pode activar ou inibir a tal determinação genética ou hereditária.
Lá está, não podemos separar as coisas e continuar a cair no “erro de Descartes”.
Esses dois psicólogos “bipolarizaram-se” em vez de integrarem, o que eu acho deveras estranho nos dias de hoje, e com o nível de conhecimento científico a que chegámos.
Cristina Silva
Como é que se estruturou essa personalidade? Mesmo que geneticamente a pessoa estivesse predestinada a uma propensão aditiva, tal podia ser modificado ou incentivado conforme a influência do meio, nomeadamente das relações.
Ou seja, mesmo que haja o gene da dependência, isso não significa determinação, pois o meio influência o percurso, sem dúvida alguma. Ou seja, o meio (que engloba muita coisa) pode activar ou inibir a tal determinação genética ou hereditária.
Lá está, não podemos separar as coisas e continuar a cair no “erro de Descartes”.
Esses dois psicólogos “bipolarizaram-se” em vez de integrarem, o que eu acho deveras estranho nos dias de hoje, e com o nível de conhecimento científico a que chegámos.
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Como refere a Cristina Silva, também penso que é nas relações mais precoces que se começa a estruturar uma personalidade, com base nas predisposições genéticas, mas não determinada por estas. Não faz qualquer sentido medir qual a "percentagem" da influência do meio e da hereditariedade pois numa integração isso não é possível. Hereditariedade e meio influenciam-se mutuamente e a personalidade molda-se em padrões relacionais e vivenciais. Pais toxicodependentes transmitem aos filhos não só a parte genética, como o seu padrão de funcionamento ao nível de comportamentos e emoções que vai interagir com a forma como a ciança recebe esse padrão. Ou seja, não é uma relação de causa e efeito. Tal como hereditariedade e meio se integram, o que os pais dão com a forma como a criança recebe também se integra pois esta não é um simples receptor passivo.
Se caíres sete vezes, levanta-te oito.
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Ana Rita Escreveu: Ou seja, não é uma relação de causa e efeito. Tal como hereditariedade e meio se integram, o que os pais dão com a forma como a criança recebe também se integra pois esta não é um simples receptor passivo.
Exactamente! Relação implica estar o Eu e o Outro, o Outro e o Eu, as idiossincrasias de cada um, o peso genético e hereditário de cada um, e por aí!
Ninguém é pedra rasa, nem o bebé!
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