Trauma: o escondido sempre presente
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Licenciado em Psicologia pela Universidade do Porto (FPCEUP), com especialização em Consulta Psicológica de Jovens e Adultos. Consultor de Recursos Humanos. Psicólogo clínico, no sector privado.

Um trauma psicológico deriva de uma experiência dolorosa que, por não se suportar ou por se encarar com dificuldade, decide esconder-se à memória.
Há, no entanto, um legado que, sempre que pode, não desaproveita a oportunidade de se manifestar. E aquilo que a mente procura esconder é sistematicamente narrado pelos comportamentos, pelas verbalizações, pela postura e, várias vezes, pela patologia de órgãos e sistemas do corpo humano.
Nos contextos mais nocivos para a sanidade psíquica e somática, importa tornar consciente essa faixa invisível com a qual continuadamente se esbarra. Nesse âmbito, existem condições basilares que contribuem para facilitar uma atmosfera propícia ao trabalho monitorizado e sistemático de desenterro dos monstros adormecidos: Uma atmosfera de confiança e tranquilidade; O relaxamento, psíquico e fisiológico; A recordação das vivências e a reconstrução de significados; A expurga ou catarse; A aceitação; A redefinição de valores e atitudes.
As memórias, incluindo as traumáticas, são subjectivos processos de construção baseados em experiências. Isso explica a razão pela qual, perante um mesmo episódio ou ocorrência, duas ou mais pessoas podem ter recordações diferentes, com dissemelhantes graus de emocionalidade e discrepantes níveis de detalhe lembrado.
Dentro da mesma linha de raciocínio, também se torna claro o porquê de evocarmos de forma diferenciada um determinado evento, à medida que a nossa vida evolui. Por exemplo, um acontecimento da juventude em que parecia que o mundo desabava, na idade adulta pode entender-se como ridículo ou sem importância.
Variados estudos têm demonstrado que os traumas psicológicos não falados ou não partilhados, estão relacionados com a maior incidência de doenças. Já o acto de se falar sobre as dolorosas reminiscências, com interlocutores adequados, diminui a tensão emocional e auxilia a reconstruir a estrutura da personalidade. Ajuda a ter mais tranquilidade para novos projectos e a pacificar as espinhosas experiências vividas.
Quem não se recorda de se sentir aliviado depois de abrir o jogo, ou fazer alguma revelação mais íntima, num contexto de segurança e aceitação? É precisamente esse alívio que liberta o indivíduo e o faz partir para outra. Uma nova vida. Um recomeço com arejadas perspectivas.
Paulo Sobral, possui Licenciatura em Psicologia pela Universidade do Porto (FPCEUP), com especialização em Consulta Psicológica de Jovens e Adultos. É Membro Efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Iniciou a prática profissional na área da Psicologia, conciliando a actividade clínica de âmbito privado, com a de membro de uma equipa multidisciplinar do Centro de Acolhimento Aos Sem Abrigo, em Viana do Castelo, e a de Professor da disciplina de Psicologia da Comunicação no Instituto Multimédia, no Porto, pelo período de 3 anos.
Foi, durante cerca de uma década, Consultor de Recursos Humanos de variadas empresas de dimensão nacional e multinacional, na área do recrutamento, avaliação e selecção de recursos humanos.
Actualmente, desenvolve a actividade de Psicólogo Clínico, no sector privado, em Lisboa e no Porto.