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Sobre a anorexia

2018
analuciapereira@psicologaonline.pt
Psicóloga clínica e educacional. Psicoterapeuta. Docente de ensino superior. Doutora em Psicologia da Educação. Autora de livros, capítulos e artigos em periódicos científicos. http:// psicologaonline.pt
Publicado no Psicologia.pt a: 2018-01-15

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Sobre a anorexia

A anorexia nervosa é um transtorno que pode afetar a vida de muitas adolescentes e jovens, já que 90% dos casos são encontrados em mulheres na faixa etária entre 14 e 20 anos (APA, 2013).

O quadro se caracteriza por uma percepção distorcida do próprio corpo, o que faz com que a pessoa se veja como “gorda”, mesmo após perder muito peso. Essa “falha” perceptiva leva a pessoa com anorexia a manter o peso abaixo dos níveis ideais para sua estatura e idade.

Mesmo quando pessoas próximas comentam sobre sua magreza excessiva, a pessoa não consegue perceber e insiste em continuar emagrecendo, levando adiante dietas e jejuns sem acompanhamento médico; além de intensos exercícios físicos sem a orientação de profissional especializado.

Em alguns casos, também se fazem presentes sintomas depressivos, como isolamento social, irritabilidade, insônia e diminuição do interesse em atividades que antes apreciava.

Dentre outros problemas, a inanição provocada pela anorexia pode acarretar:

  • dores abdominais;

  • intolerância ao frio;

  • pele seca e/ou amarelada;

  • complicações cardiovasculares como hipotensão severa, arritmias etc.;

  • hipertrofia das glândulas renais, levando à desidratação crônica e à hipocalemia (baixo nível de potássio no corpo);

  • problemas dentários e osteoporose, como consequência do baixo consumo e absorção de cálcio, da secreção reduzida de estrógeno e da maior secreção de cortisol.

Muitos acreditam que a pessoa com anorexia não sente fome, o que não é verdade. Em alguns quadros, após longos períodos de privação alimentar, o anoréxico come compulsivamente grande quantidade de alimento e depois provoca o vômito. São os quadros de anorexia com purgação.

Não restam dúvidas de que se trata de um problema sério, que não deve ser considerado como mera vaidade excessiva ou “firula”, uma vez que casos que têm diagnóstico tardio podem até mesmo levar à morte por inanição, suicídio, desequilíbrio dos componentes sanguíneos ou outros problemas decorrentes do quadro.

A anorexia é especialmente grave na infância, quando há maior necessidade de ganho calórico para que o crescimento não seja prejudicado.

Sendo assim, deixo o meu alerta aos pais ou responsáveis por crianças e adolescentes:

Fiquem atentos: o contínuo emagrecimento e a insistente preocupação com um excesso de peso que não existe

devem fazer soar o vosso sinal de alerta!

 

Referência

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013.