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Mindfulness: Quando respirar é terapêutico

2017
carolina_careta@hotmail.com
Psicóloga clínica e escritora.
Publicado no Psicologia.pt a: 2017-01-08

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Mindfulness: Quando respirar é terapêutico

Atualmente acompanhamos muitos estudos sobre a prática da meditação e a importância da respiração. Através de algumas vivências e estudos, como a yoga (Filosofia que trabalha o corpo e a mente) e o mindfulness (Técnica ocidental de meditação e exercícios) pude perceber os efeitos significativos em viver melhor o momento presente, sentir o próprio corpo, observar os próprios pensamentos, encontrando a melhor maneira em lidar com cada um.

Fato que vem chamando a atenção mundialmente onde, por exemplo, a capa da Revista Superinteressante de Setembro/16 teve como título: “ Mindfulness: Como domar sua mente. Agora”. E em um dos trechos da matéria, encontramos: “Com fé ou sem, a meditação é capaz de diminuir dores crônicas e pressão arterial, manter o cérebro jovem, evitar crises de ansiedade e depressão, aumentar a criatividade e os resultados na escola e trabalho”.

Com a diminuição da adrenalina, é possível concretizar todo o trabalho em prol da elaboração dos próprios conteúdos, para que o curso da vida se torne mais presente (e não sempre no futuro e de forma impulsiva ou muitas vezes no passado que oprime), ao passo que, sobrecarregando nosso estado emocional, o corpo gritará em forma de doenças e/ou transtornos psicológicos.

Os efeitos são comprovados e, para isso, o movimento é simples, consistindo em puxar o ar penas narinas e expirar lentamente pela boca. Esse processo faz com que regule os batimentos cardíacos e aumente a oxigenação no cérebro, sentindo automaticamente o corpo um leve torpor.

É fácil e de alta eficácia, já que o corpo e a mente passam a ter uma conexão ainda maior, anteriormente não muito bem definida pela ansiedade, stress. Digo isso pela prática da psicoterapia clínica, onde muitos pacientes (principalmente os ansiosos em grau elevado ou os deprimidos), não conseguem sentir essa conexão mais profunda consigo mesmo. E uma vez esvaziado esse arquivo mental, onde muitos pensamentos permeiam de forma desconexa, é possível tornar consciente parte daquilo que nos incomoda, que faz sofrer, que proporciona angústia. Inicia-se assim o processo em lidar verdadeiramente com nossa vida, posicionando-se frente aos acontecimentos diários.

É importante ressaltar que igualmente possuímos bons sentimentos, boas lembranças, sendo estes fortes aliados para que a esperança, a autoestima e autovalorização nos fortaleçam para o caminho de nossas sombras. 

Um segundo passo é aliar o exercício de respiração com o relaxamento, sendo possível acessar ainda mais o contato com nosso interior, propiciando paz e tranquilidade. Novamente, o exercício consiste em que o paciente inicie sentando-se em uma posição confortável, feche os olhos, puxe o ar pelas narinas e expire lentamente pela boca, deixando que os pensamentos discorram livremente. Então, passo a orientar em como acessar cada parte do corpo, liberando todas as tensões, incluindo o trabalho em retirar toda a carga de sofrimentos, tristezas e negatividade ao expirar de forma mais intensa. Entao, toda a tensão e rigidez contida no corpo irá dissolver-se ainda mais nesse movimento.

No final da prática, as reações são as mais diversas: desde o choro que alivia, muita gratidão (em forma de agradecimento por parte dos pacientes pela prática e o resultado imediato), surpresa por ser tão simples e significativo, paz e alegria. É gratificante para nós, que propiciamos esse momento de acolhimento e bem estar ao próximo.

E para fechar, a dica importante é levar a prática para a vida diária, fazendo da respiração e da observação do corpo e de sua mente parte da rotina. Seja no momento de uma caminhada, elaborando um ambiente propício na própria casa incluindo músicas de relaxamento, durante o banho ou antes de dormir. E claro, essa prática, somada com a psicoterapia, conduzirá a resultados mais completos.